sábado, 22 de outubro de 2011

A arte da auto miserabilidade

Ah... As surpresas da cidade grande. Lembram-se da história dos dois caminhos da Chapeuzinho Vermelho? Acho que fiz o caminho mais longo hoje, incrivelmente um trecho de 10 minutos se transformou em uma hora. Resultado: mais 3 horas na rodoviária para pegar outro ônibus, aguardem até eu ter meu helicóptero...

Enfim, não quero lamentar, são coisas que acontecem, paciência, melhor o caminho longo do que ter encontrado o lobo mau. Justo? Chega de metáforas, pelo menos com conto de fadas, vamos ao que importa.

Tenho insights, existem momentos que apenas uma palavra me desperta uma dissertação. Esse é mais um caso, de uma conversa descontraída minha mente se aqueceu e me deu certos pensamentos.

Muitas pessoas têm dificuldade em serem elogiadas. Os elogios, para estes, geram um rubor no rosto, uma risadinha tímida e certo acanhamento com palavras que nada falam: “Que isso? Ah, jamais... He-he”.

Eu não sou desse tipo, gosto de ser elogiado, não tenho vergonha de ser bom e nem me culpo por isso: “Ah, obrigado, sou bom mesmo nisso.” Ok! Posso até concordar que há certo ar de arrogância, no entanto questiono: qual a linha que separa a modéstia com condição análoga de minimização própria? Qual o problema em ser bom em algo? Qual o problema em assumir ser perito em algo?

Não quero questionar a raiz desse mal universal, apesar de me coçar para apontar alguns culpados, no entanto, temos problemas em nos admirarmos, acreditamos que falar que não somos tão bons nos fará mais aceitos, mais queridos... “Nossa, como ele é modesto.” Modéstia é mesmo um elogio??? Se achar aquém é ser elogiado??? Isso é problema de quem não se enfrenta. Reconhecer pontos fortes é reconhecer que temos pontos fracos a melhorar.

Por favor, não entenda que deve se vangloriar ou desfilar com camisetas do tipo “sou foda”, não! Não, para, não é isso! Nada disso... As boas condutas que visam à aceitação, em geral estão ligadas a criações de comportamentos monstruosos que só percebemos com o tempo. Por outro prisma, uma boa modéstia não deixa de ser um falso moralismo, é simplesmente compactuar com os pequenos que acham que devemos nos mensurar como pequenos. Se conhecer, se assumir está totalmente linkado a ser alguém nobre. Se você é bom, não precisa negar; se é bonito, não precisa se diminuir; se é espetacular, acredite, o melhor é assumir isso.

Paremos de focar nossos erros, nossas debilidades, nossas dificuldades. Eca! Todos nós temos que mudar, fato! Mas o que impressiona em nós são nossas habilidades, sim, essas que muitas fazemos questão de diminuir e por vezes esconder ou negar.

Não estou interessado no teu erro, isso a gente resolve no caminho, me mostre o quanto você é magnífico, e isso você sabe muito bem o quanto é!

Responda em 5 segundos: você é bom em que? 5...4...3...2...1... Se teve dificuldade, se reveja urgentemente.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Se intenso, sê sempre

Tudo está lá... Parado no alicerce, plantado no começo, mal acostumado, mal pensado, mal posto, secando... Precisando de água, precisando de luz, precisando de calor...

É assim mesmo. Ou nos conformamos ou vivemos. Ainda não inventaram um curso para entender as pessoas, mesmo com toda a nossa história de convivência, fatalmente ninguém ousou ser um mártir nessa ciência.

A dor não está no fato de haver erros. Ah, antes estivesse! A dor está na falta de continuidade. Há quem diga que adora surpresas. É fácil falar isso quando a surpresa é um souvenir ou uma “lembrancinha” de aniversário. Agora quero ver o cabra-macho que adora surpresas doloridas, dessas que te sacam um pedaço do peito... Sabe essas? Do celular que bipa uma mensagem na madrugada e é apenas a operadora oferecendo mais um “ótimo” plano de minutos e não mais aquelas que recebíamos... Sim, essas enganações que nos fazem xingar quase que inaudível pelo canto da boca.

A intenção é dar um alerta, é antenar, ninguém mais espera relacionamentos infantis, sim, pasme, é verdade. Não é legal ser o brinquedo novo e ser colocado na caixa junto com os outros, infelizmente quem se acostuma (e mal) é quem é bem tratado, mas na boa, se seu perfil não é ser intenso, mostre isso no começo, não faça merchandising, propaganda enganosa é crime. Crime moral e sacanagem.

Eu como o dono dos clichês, não canso de repetir: “tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”, não tenha a intenção de se perpetuar, de se eternizar na vida de alguém, mas deixe pelo menos o gosto de ter sido algo bom. Deixe saudade, seja uma boa lembrança e não deixe que as circunstâncias digam vagarosamente que chegou o fim... É. É isso. Se entenda antes de por alguém na sua vida, se mensure, se encontre, se ache, mesmo que se perca. Ninguém tem que aguentar viver um labirinto contigo.

À ideia principal: nunca gere expectativas que não serão respondidas, com elas nascem as certezas de que serão cumpridas. O doce é sempre bom, mas se ele vier seguido de uma dor dente, melhor seria não ter comido. Seja intenso, mas sempre, se assim não for, cairá no esquecimento ou naquele rol íntimo de pessoas infames e grotescas que passaram na sua vida, sim, naquele rol tão nojento que o título é “Nunca Mais”.

Dica: ser especial é estar presente, não precisa ser diferente, só precisa ser constante...












segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Mulher pós-moderna iludida pela paixão

Um poema muito bom, escrito por uma amiga demasiadamente especial. Leiam e se divirtam. Postado com a devida autorização e com um dedo de paixão! Segue:





tive um relacionamento
um caso muito sério seria...
pensei que com ele eu me casaria
por aquele homem eu tudo faria
cozinharia
passaria
lavaria
daria
ou dormiria
no começo era tudo alegria

o tempo passou, acabou toda a magia
o homem pensou que na minha vida mandaria
então ele só me batia
me reprimia
me oprimia
eu nunca mais isso permitiria
afinal, nem me comer mais ele comia...

além de tudo com outras ele saía
fiquei sabendo de uma vadia
essas vadias da vida
era pura putaria
e o pior, ele nem me incluía

para acabar com essa patifaria
pra fora de casa eu o chutaria
afinal, bater, ele batia...
mas comer que é bom, não comia...

então acabou sua regalia
para ele não mais cozinharia
passaria
lavaria
daria
ou dormiria
e ele passou a dormir na calçada da padaria

Bel Dionísio

sábado, 25 de dezembro de 2010

Então é Natal. E o que você fez? Nada!

Bom... Nosso primeiro natal... Pensei em escrever algo, me juntei a Santa Claus, e cá estou. Na véspera, e vou ter que confessar que não tenho bom relacionamento com o Natal. Não gosto muito dessa data. Acho a festa mais demagoga, apesar de entender o sentimento de redenção.

Não tenho a intenção de me prolongar, afinal preciso manter o protocolo social e encher a pança... Mais demagogia! Enfim, faço parte dessa terra fissurada em relacionamentos mentirosos, então, estou dentro, coloco meu sorriso no rosto, interpreto e faço minha diplomacia.

Não gosto de ser o estraga festa, não gosto de desmotivar as pessoas, mas eu acho o natal a maior sacanagem do ano. Sim...

Posso elencar inúmeros argumentos para isso, peço que não me olhem com amargura e nem me vejam como uma pessoa azeda, assim como muitos não gostam de comemorar aniversário ou detestam surpresa, o natal se encaixa para mim nesse desgosto pessoal. Vamos lá...

Primeiramente, natal, nascimento de Jesus... Argh! Preciso argumentar? Acho que não... Jesus está no lugar mais distante... ok!

Segundo, Papai Noel, os pais trabalham o ano inteiro pra dar um presentinho melhor para o gurizinho, quem leva o crédito? O "bom" velhinho! A maior sacanagem da paróquia.

Terceiro, somos maus o ano inteiro, não nos preocupamos com ninguém, falamos mal de todos, xingamos até a terceira geração dos nossos desafetos, e de repente, por 24 horas somos as pessoas mais bondosas do mundo, querendo paz, amor, alegria... Esse sentimento é tal qual Papai Noel, aparece um vez no ano. Nisso que eu entendo o sentimento de redenção.

É... Aí que entra a necessidade de mentirmos para nós que não somos tão ruins quanto dizem ou quanto nos acusamos... O Natal tem essa falsa magia, de que podemos chutar o balde o ano todo e termos momentos de torcida positiva - lapsos, melhor dizendo - como se isso fosse mudar algo.

É interessante que festejemos, afinal ninguém é de ferro, e de fato, as lutas do ano todo são um cão, só não podemos cair na besteira de acreditar que um dia faz de nós melhores, faz de nós unidos, faz de nós pessoas melhores, esse sentimento acaba junto com a ressaca, seja ela etílica, moral ou gastronômica.

Sei que não sou a melhor pessoa para apoiar ilusões, meu estilo "pé no chão" tem o hábito de acabar com isso, mas por favor, sem falso moralismo, é melhor ser um troglodita sincero a ser um monge puritano tucano em época de eleição. Caiamos na real.

Enquanto arrotamos peru, chester (o que é chester?), leitoa e afins, alguém tenta aí matar um leão pra sobreviver... Mais demagogia, confesso, ela deixa os textos lindos!

Feliz Natal! 

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

5.000!





Aos que comentam...
Aos que leem, mas não comentam...
Aos que enviam meus textos para a Revista Veja e ao Arnaldo Jabor...
Aos que falam que leem, mas só começam e não terminam, porque acham chato, mas por amizade mentem pra mim...
Àquelas que me amam, que começam a escrever um comentário, mas desistem achando que serão reconhecidas...
Aos egoístas...
Aos jauenses...
Aos paulistanos...
Aos mackenzistas...
Aos chefes (lembrem-se disso para me dar aumento)...
E especialmente:
A mim! Afinal, tenho que honrar meu egoísmo!

Chega de birra!


Acredito que com esse texto eu chegue aos 5.000 acessos. Obrigado a quem lê. Creio que chegará o dia em que isso será o acesso diário, mas enquanto estamos em um clima familiar posso dizer não a censura e dizer deliberadamente o que penso. Vou direto ao ponto.
Tenho problemas em me relacionar com pessoas com a síndrome de Peter Pan. Sim, pessoas que não crescem e não amadurecem. Há de se deixar claro, para que todos entendam, que os atributos infantis na vida de um adulto são louváveis quando se tratam de ingenuidade, não ser tão sério e coisas afins, mas quando se trata de birras e melindres, definitivamente aí está a hora de um belo “basta”.
Os que me acompanham rotineiramente sabem que meus textos, em sua maioria, partem de vivências do cotidiano, e como a vida nos prega peça diariamente, fatalmente temos os problemas parecidos, alterando apenas seus endereços, quiçá nem isso.
Eu, como um bom cristão, faço menção de algumas palavras do apóstolo Paulo: “Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino.”
Eu compreendo a preocupação do apóstolo. Sim. Quando criança as coisas são mais fáceis, as pessoas ficavam atentas ao nosso choro e de prontidão agiam, dispostos a fazerem qualquer coisa para a alegria do chorão. Entendo também, que qualquer coisa que pegávamos na mão, quando criança, trazia consigo o valor de ser a última vez de tê-la, e largá-la para algo novo, só se estivesse em vista e tivesse um aspecto melhor. São situações cômodas. Não crescer, de fato é interessante. Porém, é irritante.
Particularmente não tenho paciência com quem tem medo da realidade, tenho certo asco de quem não encara a vida, não olha a realidade e se priva de crescer por medo de ter que parar de chorar para conquistar as coisas.


Algumas pessoas demorarão a crescer, mas eu garanto, o luxo de ser criança eterna pertence apenas aos dementes. Fatidicamente o dia chega, e junto com o crescimento vem a realidade. E a realidade além de ser dura, se encarregará em nos mostrar o quão imbecil fomos. Com isso vemos também a oportunidade de entender as pessoas, de amar e de ser amado e sabemos, com dor no peito, que éramos apenas tolerados.
Não somos nem nunca seremos perfeitos. Podemos errar, felizmente temos esse direito, não é errado errar, desde que o nosso erro seja um acidente. As coisas parecem mais fáceis quando se arma um berreiro, mas elas se conquistadas assim, tornam-sem vulneráveis, passíveis de não serem valorizadas nem perpetuadas. Tentemos pelo trabalho árduo, pela insistência, pelo erro consertado. Há tempo para chorar, mas não usemos esse tempo para manha, gastemos nossas lágrimas com algo que a valha: com nossas dores, com nossos amigos, com nossas conquistas e com nossos amores.

Crescer faz parte da vida, é um item necessário, podemos até protelar, mas garanto que o processo de amadurecimento terá que ser mais rápido, acredite, usará lágrimas nele também.

Pense antes de agir. E não se esqueça, nossa infantilidade alcança a todos, e nem sempre todos são pacientes, alguns dão umas belas palmadas...


ps: Assim que acabei de escrever este texto, na madrugada do domingo, corri para tomar chuva,   de quebra levei comigo meu irmão e minha amiga Dats. Coisa de criança, e acredite, essa infância não quero perder nunca!

domingo, 5 de dezembro de 2010

Onipresente, onipotente, onisciente e online

Eu não sou Deus, sequer tenho tal pretensão. Aliás, talvez seja uma das últimas coisas que gostaria de ser em minha vida. Gostaria de ser uma onda do mar, uma tarde chuvosa ou nessa linha deísta, porque não um semideus. É um semideus, poderia vagar entre a dor de ser um humano e a sátira de brincar com o universo e às vezes até sentir o reflexo da minha própria brincadeira. Um deus que fica em cima do muro, conveniente, nem homem nem deus, uma divindade pe essedebista. Enfim...

Tenho um sério distúrbio, eu descanso o corpo, mas minha mente nunca tira férias, chego em momentos de dormir a noite toda, acordar cansado de tanto sonhar, sonhar é bom, enobrece o homem e blá blá blá, mas tem seu lado ruim. E como tem. O sonho em demasia gera expectativa, apenas um percentual ínfimo dos sonhadores tem suas conquistas totalizadas. Assim, como um simples mortal que inveja os poderes sobrenaturais desses privilegiados, sonhar em excesso fatalmente faz mal à esperança. Mas... O que nos resta? Resta conjecturar. Nesses pensamentos infindáveis: se eu fosse Deus?

Se eu fosse Deus... Como eu agiria? Preliminarmente, antes de ser ovacionado pelos cristãos xiitas que me leem, saibam todos quantos lerem que o fato de agir diferente do Soberano não faz de mim um ateu libertino metido a déspota inconformado com o sistema “divínico” de governar a terra. Tentemos sair do patamar da religiosidade doentia e tentemos entender como uma possibilidade de entretenimento, ok? Não há heresia.

Sabe aqueles dias que você não deveria ter acordado? Acorda atrasado, não tem roupa passada pra ir trabalhar, perde o ônibus, queima a língua com o café e bate o dedinho do pé na mesa de centro da sala. Então, se eu fosse Deus eu alertaria as pessoas em sonho sobre isso, sinistramente tocaria a música do plantão da Globo em meio ao sono e falaria “meu filho, não levante da cama hoje, dia fadado a falir.” É, faria isso.

Avisaria sobre várias coisas, inclusive sobre as várias pessoas em que depositamos a maior confiança, o maior amor e depois sem pestanejar nos frustram, como num estalar de dedos. Avisaria aos mortais que isso é comum, e ainda faria a ressalva que não é minha culpa.

Como Deus, certamente eu engordaria todos os sarados e mulheres frutas (ainda mais, sacanagem eu sei) e quanto mais comessem mato para emagrecer, mais se tornariam uma bola (estilo Ronaldinho). Desenvolveria a picanha light, ou ainda melhor, as massas e doces emagrecedores. Afinal porque tudo que é bom engorda? De fato eu faria a tal “justiça divina”.

Acabaria com o telemarketing e de quebra com o gerundismo. Acabaria com as filas, e ainda avisaria a todos que tele-sena, mega-sena, mulatas do carnaval e tekpix não passam de engodo! Instituiria tipo um Procon preventivo celeste.

Enfim, acabaria e mudaria muita coisa, mas olhando bem para os meus planos, de certo eu tiraria toda a graça da vida, o legal da expectativa, o interessante de não saber ao certo o que pode acontecer. Afinal, só nos lembramos com um sorriso no rosto das coisas que nos doeram e foram superadas, sem elas não teríamos história nem vida, sequer um papo no bar. Infelizmente a vida é feita de desgraça superada, é o que nos faz diferente: a surpresa. Deus sabe o que faz, e se não soubesse de certo não me daria seu cargo. Eu tiraria toda a graça. 

Comente aí, o que você faria sendo Deus?

* o título é um plágio de @OCriador