sábado, 25 de dezembro de 2010

Então é Natal. E o que você fez? Nada!

Bom... Nosso primeiro natal... Pensei em escrever algo, me juntei a Santa Claus, e cá estou. Na véspera, e vou ter que confessar que não tenho bom relacionamento com o Natal. Não gosto muito dessa data. Acho a festa mais demagoga, apesar de entender o sentimento de redenção.

Não tenho a intenção de me prolongar, afinal preciso manter o protocolo social e encher a pança... Mais demagogia! Enfim, faço parte dessa terra fissurada em relacionamentos mentirosos, então, estou dentro, coloco meu sorriso no rosto, interpreto e faço minha diplomacia.

Não gosto de ser o estraga festa, não gosto de desmotivar as pessoas, mas eu acho o natal a maior sacanagem do ano. Sim...

Posso elencar inúmeros argumentos para isso, peço que não me olhem com amargura e nem me vejam como uma pessoa azeda, assim como muitos não gostam de comemorar aniversário ou detestam surpresa, o natal se encaixa para mim nesse desgosto pessoal. Vamos lá...

Primeiramente, natal, nascimento de Jesus... Argh! Preciso argumentar? Acho que não... Jesus está no lugar mais distante... ok!

Segundo, Papai Noel, os pais trabalham o ano inteiro pra dar um presentinho melhor para o gurizinho, quem leva o crédito? O "bom" velhinho! A maior sacanagem da paróquia.

Terceiro, somos maus o ano inteiro, não nos preocupamos com ninguém, falamos mal de todos, xingamos até a terceira geração dos nossos desafetos, e de repente, por 24 horas somos as pessoas mais bondosas do mundo, querendo paz, amor, alegria... Esse sentimento é tal qual Papai Noel, aparece um vez no ano. Nisso que eu entendo o sentimento de redenção.

É... Aí que entra a necessidade de mentirmos para nós que não somos tão ruins quanto dizem ou quanto nos acusamos... O Natal tem essa falsa magia, de que podemos chutar o balde o ano todo e termos momentos de torcida positiva - lapsos, melhor dizendo - como se isso fosse mudar algo.

É interessante que festejemos, afinal ninguém é de ferro, e de fato, as lutas do ano todo são um cão, só não podemos cair na besteira de acreditar que um dia faz de nós melhores, faz de nós unidos, faz de nós pessoas melhores, esse sentimento acaba junto com a ressaca, seja ela etílica, moral ou gastronômica.

Sei que não sou a melhor pessoa para apoiar ilusões, meu estilo "pé no chão" tem o hábito de acabar com isso, mas por favor, sem falso moralismo, é melhor ser um troglodita sincero a ser um monge puritano tucano em época de eleição. Caiamos na real.

Enquanto arrotamos peru, chester (o que é chester?), leitoa e afins, alguém tenta aí matar um leão pra sobreviver... Mais demagogia, confesso, ela deixa os textos lindos!

Feliz Natal! 

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

5.000!





Aos que comentam...
Aos que leem, mas não comentam...
Aos que enviam meus textos para a Revista Veja e ao Arnaldo Jabor...
Aos que falam que leem, mas só começam e não terminam, porque acham chato, mas por amizade mentem pra mim...
Àquelas que me amam, que começam a escrever um comentário, mas desistem achando que serão reconhecidas...
Aos egoístas...
Aos jauenses...
Aos paulistanos...
Aos mackenzistas...
Aos chefes (lembrem-se disso para me dar aumento)...
E especialmente:
A mim! Afinal, tenho que honrar meu egoísmo!

Chega de birra!


Acredito que com esse texto eu chegue aos 5.000 acessos. Obrigado a quem lê. Creio que chegará o dia em que isso será o acesso diário, mas enquanto estamos em um clima familiar posso dizer não a censura e dizer deliberadamente o que penso. Vou direto ao ponto.
Tenho problemas em me relacionar com pessoas com a síndrome de Peter Pan. Sim, pessoas que não crescem e não amadurecem. Há de se deixar claro, para que todos entendam, que os atributos infantis na vida de um adulto são louváveis quando se tratam de ingenuidade, não ser tão sério e coisas afins, mas quando se trata de birras e melindres, definitivamente aí está a hora de um belo “basta”.
Os que me acompanham rotineiramente sabem que meus textos, em sua maioria, partem de vivências do cotidiano, e como a vida nos prega peça diariamente, fatalmente temos os problemas parecidos, alterando apenas seus endereços, quiçá nem isso.
Eu, como um bom cristão, faço menção de algumas palavras do apóstolo Paulo: “Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino.”
Eu compreendo a preocupação do apóstolo. Sim. Quando criança as coisas são mais fáceis, as pessoas ficavam atentas ao nosso choro e de prontidão agiam, dispostos a fazerem qualquer coisa para a alegria do chorão. Entendo também, que qualquer coisa que pegávamos na mão, quando criança, trazia consigo o valor de ser a última vez de tê-la, e largá-la para algo novo, só se estivesse em vista e tivesse um aspecto melhor. São situações cômodas. Não crescer, de fato é interessante. Porém, é irritante.
Particularmente não tenho paciência com quem tem medo da realidade, tenho certo asco de quem não encara a vida, não olha a realidade e se priva de crescer por medo de ter que parar de chorar para conquistar as coisas.


Algumas pessoas demorarão a crescer, mas eu garanto, o luxo de ser criança eterna pertence apenas aos dementes. Fatidicamente o dia chega, e junto com o crescimento vem a realidade. E a realidade além de ser dura, se encarregará em nos mostrar o quão imbecil fomos. Com isso vemos também a oportunidade de entender as pessoas, de amar e de ser amado e sabemos, com dor no peito, que éramos apenas tolerados.
Não somos nem nunca seremos perfeitos. Podemos errar, felizmente temos esse direito, não é errado errar, desde que o nosso erro seja um acidente. As coisas parecem mais fáceis quando se arma um berreiro, mas elas se conquistadas assim, tornam-sem vulneráveis, passíveis de não serem valorizadas nem perpetuadas. Tentemos pelo trabalho árduo, pela insistência, pelo erro consertado. Há tempo para chorar, mas não usemos esse tempo para manha, gastemos nossas lágrimas com algo que a valha: com nossas dores, com nossos amigos, com nossas conquistas e com nossos amores.

Crescer faz parte da vida, é um item necessário, podemos até protelar, mas garanto que o processo de amadurecimento terá que ser mais rápido, acredite, usará lágrimas nele também.

Pense antes de agir. E não se esqueça, nossa infantilidade alcança a todos, e nem sempre todos são pacientes, alguns dão umas belas palmadas...


ps: Assim que acabei de escrever este texto, na madrugada do domingo, corri para tomar chuva,   de quebra levei comigo meu irmão e minha amiga Dats. Coisa de criança, e acredite, essa infância não quero perder nunca!

domingo, 5 de dezembro de 2010

Onipresente, onipotente, onisciente e online

Eu não sou Deus, sequer tenho tal pretensão. Aliás, talvez seja uma das últimas coisas que gostaria de ser em minha vida. Gostaria de ser uma onda do mar, uma tarde chuvosa ou nessa linha deísta, porque não um semideus. É um semideus, poderia vagar entre a dor de ser um humano e a sátira de brincar com o universo e às vezes até sentir o reflexo da minha própria brincadeira. Um deus que fica em cima do muro, conveniente, nem homem nem deus, uma divindade pe essedebista. Enfim...

Tenho um sério distúrbio, eu descanso o corpo, mas minha mente nunca tira férias, chego em momentos de dormir a noite toda, acordar cansado de tanto sonhar, sonhar é bom, enobrece o homem e blá blá blá, mas tem seu lado ruim. E como tem. O sonho em demasia gera expectativa, apenas um percentual ínfimo dos sonhadores tem suas conquistas totalizadas. Assim, como um simples mortal que inveja os poderes sobrenaturais desses privilegiados, sonhar em excesso fatalmente faz mal à esperança. Mas... O que nos resta? Resta conjecturar. Nesses pensamentos infindáveis: se eu fosse Deus?

Se eu fosse Deus... Como eu agiria? Preliminarmente, antes de ser ovacionado pelos cristãos xiitas que me leem, saibam todos quantos lerem que o fato de agir diferente do Soberano não faz de mim um ateu libertino metido a déspota inconformado com o sistema “divínico” de governar a terra. Tentemos sair do patamar da religiosidade doentia e tentemos entender como uma possibilidade de entretenimento, ok? Não há heresia.

Sabe aqueles dias que você não deveria ter acordado? Acorda atrasado, não tem roupa passada pra ir trabalhar, perde o ônibus, queima a língua com o café e bate o dedinho do pé na mesa de centro da sala. Então, se eu fosse Deus eu alertaria as pessoas em sonho sobre isso, sinistramente tocaria a música do plantão da Globo em meio ao sono e falaria “meu filho, não levante da cama hoje, dia fadado a falir.” É, faria isso.

Avisaria sobre várias coisas, inclusive sobre as várias pessoas em que depositamos a maior confiança, o maior amor e depois sem pestanejar nos frustram, como num estalar de dedos. Avisaria aos mortais que isso é comum, e ainda faria a ressalva que não é minha culpa.

Como Deus, certamente eu engordaria todos os sarados e mulheres frutas (ainda mais, sacanagem eu sei) e quanto mais comessem mato para emagrecer, mais se tornariam uma bola (estilo Ronaldinho). Desenvolveria a picanha light, ou ainda melhor, as massas e doces emagrecedores. Afinal porque tudo que é bom engorda? De fato eu faria a tal “justiça divina”.

Acabaria com o telemarketing e de quebra com o gerundismo. Acabaria com as filas, e ainda avisaria a todos que tele-sena, mega-sena, mulatas do carnaval e tekpix não passam de engodo! Instituiria tipo um Procon preventivo celeste.

Enfim, acabaria e mudaria muita coisa, mas olhando bem para os meus planos, de certo eu tiraria toda a graça da vida, o legal da expectativa, o interessante de não saber ao certo o que pode acontecer. Afinal, só nos lembramos com um sorriso no rosto das coisas que nos doeram e foram superadas, sem elas não teríamos história nem vida, sequer um papo no bar. Infelizmente a vida é feita de desgraça superada, é o que nos faz diferente: a surpresa. Deus sabe o que faz, e se não soubesse de certo não me daria seu cargo. Eu tiraria toda a graça. 

Comente aí, o que você faria sendo Deus?

* o título é um plágio de @OCriador

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Eu robô? Passo...

Nem meu próprio blog me reconheceu. Tamanha ausência. Desde logo peço desculpas aos que me leem, e aos que não me leem: que se f*dam! Não lerão mesmo, posso xingar.

Bom, fato é que estou destreinado e muitos acontecimentos grandes passaram pela nossa terrinha desde o meu último post. Me recordo, porém, do índice de tolos que eu mediria com a eleição do Tiririca. Como esperado, alto. Aos que fizeram essa insanidade, não terão direito de argumentar nada sobre política nesses próximos quatro anos, afinal seu argumento é tão nobre quanto o seu candidato. Pífio. Enfim...

Dilma foi eleita. Como cristão, aguardo os milagres.

E o Rio? Interessante o método de desmarginalização Jack Bauer. Parece legítimo? Só espero que o investimento em educação, moradia e saúde venha com a mesma força que essas tropas estão invadindo morro acima... Não é uma piada... Sim, eu sou um sonhador.

Cá estou, de volta, sem pretensões de tamanha ausência novamente, ao som de Phil Collins e depois de uma síntese das notícias gerais, atenho-me ao meu texto.

Nesse tempo muitas ideias se apresentaram, inclusive conheci muitas pessoas. Sazonalmente conheço pessoas com certas tendências psicopatas, imã natural, identificação talvez. E por falar nela, dedico este texto à minha amiga Lilian, que me conhece há alguns dias e já devorou todo meu blog. Muito bom gosto. O psicopata é carinhoso, você me entende.

Chega de tre-lê-lê.

Despretenciosamente escrevo, again.

Ontem quando entrei no elevador, um senhor de súbito me parou e disse: "Dez reais pra descer!" Ele sorriu e me disse que se não levasse a vida na brincadeira ele morreria (apesar de nenhuma aptidão para piadas). Por oito andares passaram inúmeras coisas na minha cabeça, como circuncidá-lo a sangue frio ou ainda enfiar um guaxinim em sua cueca. O senhor "minha vida é pura diversão" então se despediu com um largo sorriso no rosto, eu como um bom diplomata, devolvi o sorriso e praguejei internamente alguns insultos.

Acontece que não parou por aí, o senhor a la Bozo se foi, e eu. Ah eu! Eu refleti! Shit! Eu minha maldita mania de aprendizado. Enfim... Fui posto na parede por mim mesmo. Me obriguei a me mudar, novamente.

Não sei qual a intenção da "senhora vida" no ser humano, tenho crido que a vida tende a nos por num processo de automatização, ela deve querer nos robotizar, nos por em redomas espessas e invisíveis, uma redoma que cheira "ser alheio". Sim. Eu sempre parti da premissa que a vida não deve ser levada a ferro e fogo, e do nada percebi que minha sensibilidade é instantânea e tem prazo de validade. Até sinto pena, até me comovo, até choro, mas na sequencia coloco minha capa da necessidade vital de ser alguém e esqueço que as pessoas devem ser entendidas e levadas a sério.

Eu carrego comigo uma culpa, culpa por não sentir culpa. Por que somos tão indiferentes? Qual tem sido minha motivação de viver? Me vejo como uma pessoa com poucos propósitos verdadeiros, sabe aqueles propósitos que te fazem ser lembrados? Hoje sou apenas uma pessoa que quer ser lembrada por mim. Vale a pena? Fernando Pessoa já diria que tudo vale a pena se a alma não é pequena. Onde vende um medidor de alma? Preciso.

Tenho sérios problemas em encarar a vida como o fim de quem só se realizou pessoalmente. Me perturba a ideia de não deixar saudade, de não haver um intervalo de reflexão ao citar meu nome em uma roda de amigos: "É... Esse cara faz falta."

Não pretendo me estender nesta nostalgia, mas gostaria de refletir. Onde nosso anseio tem nos levado? Garanto: mais vale sorrir de bobo num elevador do que ganhar muito dinheiro fazendo elevador e não entender que antes de sermos um pedaço de papel moeda, somos emoções... Se chorei ou se sorri, o importante é que emoções eu vivi.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Ahhhh

Ideias: Presente!
Vontade: Presente!
Disposição: Faltou...

Aguardem... em breve estarei de volta...

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Eu sou uma mentira!

Fatos irrelevantes me levaram a pensar nisso agora há pouco. No banho.

Escrevo, novamente, despretensiosamente. Não gosta? Eu sim. Basta. Ou não... Sei lá.

Gostaria de ser eu.

Como assim?

Eu mesmo, ser quem eu sou.

Gostaria de caminhar sem ter que murchar a barriga.

Gostaria de usar sandálias jesuítas, bermuda desfiada e ainda assim conseguir despacho do juiz na minha petição.

Gostaria de poder peidar sem cerimônias, sem ser de canto de bunda para ninguém saber que fui eu. É isso, queria peidar e rir, e xingar quem peidasse, de nomes bem feios.

Sabe, queria dizer que te amo, e ainda dizer que não queria te amar.

Queria te odiar. Merda!

Queria sempre dormir tarde, e acordar só quando conviesse.

Queria mostrar que não sou essa fortaleza. Queria que soubessem que tenho problemas, e além, queria demonstrar para os que sabem que os tenho, que não estou por cima deles.

Queria ver filme pornô quando acordasse, vestido com minha sandália e bermuda... Esquece a história de despachar minha petição.

Queria poder fazer comentários sem que o senso de aprovação me acusasse.
Quero ser livre.

Queria poder coçar a bunda em público, e depois cheirar o dedo. Terrível, eu sei, mas eu queria ser eu!

Queria ler mais livros e escrever mais, queria poder rir da cara de alguém ridículo, e não me perturbar com possibilidade de também ser alvo de zombaria.

Sabe... queria ser eu. Eu não sou quem vivo. Me fazem ser isso.

Se gostam de mim é porque gostam de como as circunstâncias me traçaram. Eu não sou assim, me forjaram!

Quem sou eu? Por que eu tenho que ser aprovado? Por que simplesmente não posso mandar as regras pra “pqp”?

Hei... Quero ser eu.

Queria parar na rua pra passar a mão num bichano. Queria comer comida gordurosa, e quero que se dane o brócolis.

Queria escolher a foto mais engraçada pro orkut, não a com cara de galã. Afinal, estou longe de sê-lo. Eu quero não ligar. Quero ser eu.

Queria olhar nos teus olhos e dizer “esse sou eu, me escolhi ser assim”.

Queria me orgulhar de ser o que queria ser e não sou.

O fato é que sou esses desejos narrados. Mas não demonstro ser isso. Sou uma mentira, uma mentira tão bem contada que eu próprio caio nela.

Sabe o que me conforta? Saber que você também é uma farsa.

O dia em que eu não precisar ser aprovado por ninguém, eu serei eu e mandarei notícia. Enquanto isso... Boa noite, amanhã tenho que despachar uma petição... De terno.



ps: Na foto Woody Allen. Esse sim soube ser ele, seus filmes são uma merda e ainda casou com a filha. Piedade.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Vamos pros 5.000???

Sem merchan, sem assessoria... Vamos nessa?
5.000 acessos???
Beijos, me liga!

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Pára tudo! Vamos começar de novo?

Novamente venho aqui para expor meu medo.

Poucas pessoas têm esse hábito, vindo de mim então, acredito ser uma grande vitória, já que sofro do mal da Síndrome de Super Herói (clique aqui). Mas em época de eleição as coisas mudam, até porque esse medo é mais indireto do que direto, talvez por isso cintile tal sinceridade em mim.

Olhando para a política, não quero me ater propriamente a essa suruba partidária e palhaçadas, literalmente palhaçadas, que nos afrontam na TV. Antes de propriamente falar sobre isso, quero propor uma alteração legislativa: O horário político não deve ser mais gratuito, deve ser pago, mas não às emissoras, para nós, nós deveríamos receber! Fica como título de indenização por ter que ver a ruína da tão aclamada democracia. Por que indenização? Por danos morais... Ah, e quantos danos... Quantos danos... A moralidade está “danada” mesmo, e daqui guia-se minha linha de raciocínio.

A indústria do moral. Ficha limpa. É hilário como as pessoas conseguem distorcer as coisas. A mente do candidato ao poder é tão suja, que Maquiavel se sente minimizado em seu túmulo. Enfim Maquiavel descansa em paz.

Enquanto isso, em algum lugar quente, bastante quente, assustadoramente quente:
- Vá para o céu, Maquiavel – diz o Diabo. – Você é um homem bom, é injusto tê-lo aqui.
Enquanto o Diabo dispensa Maquiavel, passa a propaganda política na TV. Maquiavel sequer questiona.
- Tens razão, Belzebu. Inquestionável sua decisão. – Afirma um capiroto qualquer.
Sobe Maquiavel ao céu, com seu Green Card Celeste, e uma cara de vencido, humilhadamente vencido.

Sim, vencido. Um percentual interessante de candidatos está por aí, se gloriando por ser candidatos “ficha limpa”.

Alguém me responda se ser honesto virou virtude? Agir com honradez em querer governar para o povo é virtude? Alguém, por favor, pare o mundo, o chacoalhe com muita força.

Sabemos que perdemos nossos princípios, quando o erro não assusta mais. Quando o que era para ser estarrecedor, torna-se rotina e motivo de piada. Sabemos que não temos mais escrúpulo quando elogiamos alguém que devolveu uma carteira recheada de dinheiro ao seu dono, quando o que ele fez não foi mais nada que sua obrigação.

Sabemos também, que quando somos assaltados, pensamos ainda bem não terem nos machucado. Sabemos que chegamos ao nosso lixo pessoal, quando olhamos para o mal e ele não nos comove, olhamos para a fome e não nos preocupamos, olhamos para a injustiça e não nos movimentamos. E nesse contexto:
Olhamos para a merda da eleição, e não mudamos nossa Nação.

Fato: o capim comeu a vaca. Alguém precisa urgente enfiar o dedo na goela dele, quem sabe assim, ao sair deste estado, a vaca não se posicione?

Pronto, falei.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Vamos nos divertir?

Tenho gostado de escrever despretensiosamente. Tenho feito isso nos últimos textos, e seus resultados têm me agradado, espero que a você também. Como se dá esse processo, Davi? Eu simplesmente abro o blog, entro no editor de texto e começo a falar e falar... É isso, tente, juro que é uma terapia.

Hoje é segunda. Pra mim não é qualquer segunda. Pra mim é uma segunda-feira pós Jaú, fui para minha terrinha, e a volta me ocasiona algumas reações: primeiro, a nostalgia, fico com dores de um passado muito bem vivido e sempre fico com a impressão que apenas parte de mim volta, a outra fica por lá, vagando na vã esperança de que eu me renda e finque os pés por lá. Segundo, o cansaço, e a segunda-feira por aqui parece se alongar por 48 horas. Agora são 21h11, ainda estou vestido à moda trabalho e ouvindo uma música que me envergonharia de dizer qual.

Jaú sempre me traz reflexão, e guardei esta desde sexta, quando viajei, refleti e achei interessante compartilhar com meus amigos leitores.

No começo de meus dias paulistanos, voltar para casa era uma tarefa fácil, digo isso a respeito da logística. Eu simplesmente sentava na poltrona do ônibus, virava a cara para o lado e dormia. Dormia durante quatro horas e meia, acordava e pronto. Viagem mais que feita. Ultimamente não tem sido esse paraíso.

Piada Oportuna*
"Estação Paraíso, acesso à linha 1, Azul.
Se não for desembarcar, não fique na região das portas."

Só para descontrair, voltando. Minha viagem tem sido uma saga. Enfim, ao chegar em Jaú, perto da rodoviária fui acometido por um Déjà Vu. Vi-me quando criança. Lembrei da expectativa e da emoção que era gerada em mim apenas pela possibilidade de ir viajar. Ir para São Paulo. A viagem seria demais. Eu andaria de ônibus durante muito tempo, veria pessoas diferentes, pararia no Graal Maristela para comer coxinha e tomar coca de máquina. Jurava que a coxinha de lá era mais gostosa (e mais cara, mas essa preocupação era dos meus pais).

Eu gostava daquilo, eu achava encanto em algo banal. Por que atrofiei isso? Me diga, por que atrofiamos ou simplesmente desligamos nossa máquina pessoal de ver a vida com mais cor? Mais aventura?

Podemos ter o prisma do amadurecimento, rotina, blá blá blá... Mas, será que não podemos brigar com isso? Não podemos, talvez, levar a vida menos a sério?

Não podemos, ao invés de reclamar na fila do banco, apenas contarmos umas piadas para o vizinho da frente? A fila não diminuirá com nossos impropérios. O metrô não vai ficar menos lotado se a gente fechar a cara toda hora que alguém pisar em nosso pé. Perdemos o encanto! Viver virou profissão!

Não posso suportar a ideia de ter que viver simplesmente por respirar. Quero entender a vida como dádiva, não quero acordar e me condicionar a enfrentar outro dia, quero viver, gozar com o bem e com o mal.

Vou deixar o último conselho, aproveitem enquanto não cobro. Vai:
Aproveite a vida, da mesma maneira que você a aproveitava quando ela era novidade. Vai ser mais fácil, mais legal, e ainda corre o risco de ser feliz!

Felicidade??? Existe??? Se não me leu no passado, leia agora (clique)!

Obrigado pelos olhos metidos a ouvidos, sempre bom desabafar para vocês.


* estou lendo "A menina que roubava livros", ainda é cedo para indicar ou não, mas o escritor tem o hábito de parar a narrativa e tecer comentários como este. Agradeço a ideia.

sábado, 28 de agosto de 2010

Deus e a falsa esperança

Mais uma semana passa, sou só eu quem acha, ou parece que os dias já começam acabando? Outro dia li ou ouvi alguém comentar que a física quântica alega que o dia não tem mais 24 horas, apenas de 16 a 18. Não me parece algo muito louco, não. Mas contando a possibilidade que numa escala de 0 a 10, o meu entendimento em física quântica ser -3, prefiro não opinar.
 
Hoje acordei muito cedo, sábado, tive aula de criminologia, fui obrigado a acordar os galos. Protelei até o último minuto, mas tive que levantar. Como havia dito em algum texto atrás, apesar desse lapso de dias sem escrever, ainda assim fervilham ideias em minha cachola.

Sei que tenho leitores ateus, mas eu sei que eles gostam quando escrevo sobre cristianismo. Eu gosto de escrever sobre cristianismo, deixando minha petulância de escanteio, minhas concepções de Deus trazem-no para um plano possível. Prefiro me sentar num cristianismo menos místico para não esperar de Deus que ele seja um super-herói e dar tutela a Ele de responsabilidades minhas. Vamos ver aonde chego. Mais um texto despretensioso.

Sou um cristão, um cristão utópico, mas falar em utopia no cristianismo de hoje de certo não falamos em algo inalcançável. Ser um cristão utópico é ser alguém que consegue entender que Deus não é uma varinha de condão e não é responsável pela nossa vida. Ser utópico, nesta situação, é ser realista, e neste ínterim, tange uma psicose.

Não posso falar que não sou grato a Deus pela minha vida e coisas assim. Mas cada vez que eu converso com os "cristãos-não-utópicos" eu fico estarrecido: "Deus está preparando meu marido!", "Deus vai abrir a porta de um grande emprego para mim, e vou ganhar muito dinheiro.", "Deus vai...", "Deus blá blá blá..." Eu olho para estas situações, me corrijam se estiver enganado, impressão minha ou Deus é a muleta responsável para consolar as frustrações? Espera... Assim que funciona? Me frustro, tenho que correr para um consolo, e jogo uma baita responsabilidade nas costas do Todo Poderoso?

Pra mim Deus inexiste nessas pessoas, os denominaria de cristãos-ateus! Sim... Deus é usado como um subterfúgio, como um remédio. A maioria das pessoas que hoje são cristãos veio a Deus por algum motivo de dor ou de perda, isso é interessante, e acho exatamente necessário, mas há um segundo estágio, o amadurecimento da relação homem-Criador, e este se define por acreditar em Deus independente de ser motivado ou não. Crer em Deus justamente por ele ser Deus, sem intenções.
 
Entendam-me, assim como Jesus, farei uma parábola:
 
Uma criança bastante carente pede ao seu pai que lhe dê um carrinho de controle remoto no Natal. Seu pai, um bronco, despedaça o sonho da criança: “Cai na real criança, somos pobres!” O sonho dessa criança sempre foi ter o carrinho, já que todos seus amiguinhos da escola tinham, essa criança se decepciona, mesmo sabendo que não existe Papai Noel, escreve uma carta para o Bom Velhinho pedindo o tal do carrinho. A criança pensa: “Não existe, mas quem sabe? Vai que alguém veja e se compadeça!”.
 
Os cristãos-ateus são da mesma forma, a vida os maltrata, destrói seus sonhos, então a única falsa expectativa de ser alguém novamente feliz é usando Deus como seu Papai Noel. Não deixaram de desacreditar em Deus, apenas não viram alternativas. Não posso tolerar isso. Está longe de ser cristianismo.

Acredite, a maior premissa do cristianismo é o livre arbítrio. Deus não escolhe por você, Deus não estuda por você, Deus não vive por você.

Deus te direciona, mas quem anda é você.
 
Ah... Cair faz parte do andar também.

O mundo é muito, mas muito mais real do que se pensa, vem comigo, vamos ser cristãos-utópicos?

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Política é pra quem?

Estou com medo... Esta é uma postagem despretensiosa.

Estou com medo onde vamos parar. Medo do lugar que podemos chegar. Medo de saber em que horizonte nossos olhos vão mirar, partindo da premissa de haver apenas um horizonte, medo de não sabermos identificar o horizonte.

Tenho acompanhado remotamente nossa política. Confesso que sou fã de política, gosto de ver a cara de pau do Maluf, me divirto ao ver o PSDB monopolizar São Paulo, acho interessante como a Dilma de repente pode ser uma boa presidenta. Admiro a ambição verde da Marina, rio com a cara lavada da Marta em ainda usar o sobrenome Suplicy, e desenvolvi um sentimento soturno com o verdadeiro dono do nome Suplicy, falando que nosso estado precisa da Mulher Pêra (clique). Até entendo que a pêra é muito cara na cesta básica, mas concluo sem medo que a Mulher Pêra é totalmente dispensável!

Não que nossa política sempre tenha sido uma apresentação da Osesp, mas o bacanal que tem se transformado não precisa se assemelhar à qualquer puteiro. É hora do Estado entender que democracia não é orgia, precisamos de critério. Pensem comigo: o pagodeiro por melhor que seja (se não for um paradoxo) não quer dizer que é o melhor Senador, qual o know-how que "Um dia de Princesa" pode proporcionar ao candidato da Cohab*?

Será que o candidato KLB sabe que assim como a sua banda tem três integrantes, nosso país tem três poderes? Será que ele me responderia de pronto quais são esses poderes? Dou a dica: esses poderes não são os que juntos chamam o Capitão Planeta. "Vai Planeta!"

Simony... É! Simony! "Sou mulher, sou mãe, você me conhece." Esse é seu jargão. Espera.Se isso é pressuposto para candidatar-se, garanto que temos pessoas com mais honradez para o cargo. Se ela for eleita, com uma coisa poderemos ficar tranquilos, ela garantirá prazer no sistema carcerário, afinal disso ela entende muito bem. Mas pensando melhor, se meu voto fosse para prazer na prisão, faria apologia para candidatura da Rita Cadillac, que só não deve ter se candidatado porque a Lei da Ficha Limpa barrou sob alegação de "passado, presente e futuro imundos e promíscuos, ficha impossível de ser limpa". Nem com as operações a La Gretchen e Angela Bismarchi de reconstituição de hímen vislumbra-se possibilidade para ela... Mas... atemos à nossa política...

Tiririca... Esse equivocou-se com seu nome... Titica seria o ideal. Estou ansioso para a grande festa da democracia poder calcular o percentual de idiotas "embostiados". Como saber isso? Através dos votos para esse cara! Não... Estou inconformado, desacreditado, preciso urgente de algo tóxico, de uma bebedeira estendida, dessas que só acabem seu efeito depois das eleições, assim só posso lamentar e "acreditar" que não tive nada com isso.

Poderia continuar, mas eu tenho que dormir, porque amanhã eu caio na besteira de estudar e trabalhar. Por que besteira? Porque eu me convenço todo dia que a vida é complicada e que tenho que ser o melhor, porque se eu achasse que eu teria que ser o mais bisonho, certamente estaria esperando uma candidatura para me aposentar em oito anos, e além de esperar teria que fazer algo notório para que me notassem: cantar rebolando a bunda, ser um palhaço ou qualquer fruit woman.

Caro leitor, por favor, faça algo... Não tenho ideia do que te pedir, mas peço bom senso, é a nossa vida, é a nossa lei, é o nosso país.

Tenho medo do que será do nosso Judiciário, Executivo e Legislativo... Baita dica hein KLB? Assim ficou mais fácil.

Volte ao topo, veja a foto e sinta orgulho! Não consegue? Bem-vindo ao clube!




*Cohab não desqualifica o candidato, o termo foi usado para remetar à sua principal música.







Não se erra por amar

Já faz algum tempo que não escrevo, salvo engano, neste mês não publiquei nada, mesmo assim ainda resta alguém que comenta aqui, acolá, lê um texto antigo, relê outro, enfim, sempre há movimento, e eu fico realmente feliz.

Todo esse tempo que fiquei sem escrever não quis dizer que fiquei sem inspiração, tenho temas a rodo, ontem, especialmente fui dormir mais cedo. Antes de dormir fiz uma sinopse mental do meu dia, dos meus dias, do meu passado, sim, “nostalgiei-me”.

Sou uma pessoa muito atenta aos sentimentos das pessoas, não que eu me movimente para ajudá-las ou ainda que eu seja o melhor ombro conselheiro, sou atento por pura curiosidade. Fico observando apenas para entender fatos e saborear a ironia humana, não sou nenhuma Madre Tereza. Primeiro porque não tenho a menor pretensão de ajudar pessoas nesse momento, segundo, detestaria morar em Calcutá. Mas, enfim, vale expressar... Me recorro ao tema “amor”.

Tenho ouvido muitas coisas nesses dias, São Paulo não é distante o suficiente para nos afastar do passado, e vira e mexe ouço algumas coisas de antigos amigos, algum chororô. Uns se perdem, outros acabam namoros, outros recomeçam, alguns começam novos sem terminar os velhos, a pluralidade da vida é interessante, e se tirarmos os olhos do moralismo, chega a ser bonita. Mas quero pensar sobre as atitudes decorrentes do amor.

Apesar de parecer ser uma pessoa distante, de inconscientemente querer passar a marra de ser alguém acima dos problemas e aquém da possibilidade da perda, eu não sou assim. Eu me apego, e sofro. Sei que muitos são assim, e o fato do sofrimento existir é algo genérico, o que diferencia cada pessoa dentro desse sofrimento é justamente o que ele desencadeia.

Eu não acredito que erramos quando amamos. Não mesmo! Esse pensamento pode ser largamente questionado, e gostaria muito de ler cada questionamento dele. Não acredito que qualquer atitude decorrente do amor seja errada. Desde entregar uma flor diariamente até a possibilidade de loucuras passionais. Se olharmos para um pai que se excede em repreender um filho, dando-lhe palmadas mais duras, entendemos que ele não fez aquilo porque é sua intenção, e sim por amor, pela esperança de que seu filho aprenda. Acredito que é fácil desvencilhar o erro de uma tentativa amorosa. O amor é nobre, e se a causa dele, isoladamente parece erro, ela é automaticamente justificada quando anexada novamente ao amor.

Diariamente pessoas são amaldiçoadas por amar. Alguns se jogam da ponte, outros se jogam no chocolate. Há aqueles que só se recuperam depois de se desidratarem, enquanto aqueles outros se isolam e esperam que o mundo esqueça-se dele, mas que a única pessoa que interessa não o esqueça. O que é amor? O que é amar? Quais as consequências? Vale a pena pagar esse preço?

Sei que todos nós já erramos por amar. Mas não consigo digerir que exista erro quando a intenção é sublime. Podemos nos exceder e agir da pior maneira possível, mas se o fizemos pelo verdadeiro amor é porque queríamos o melhor resultado.

Não se erra quando ama. Erra-se quando se arrepende de errar por amar.

É isso!

domingo, 15 de agosto de 2010

TRAVEI

Pessoal, travei, né? O conto está na cuca, mas passar pro plano escrito está complicado.
Vou postar alguma coisa em breve, obrigado por quem aparece aqui!

Beijos.

sábado, 31 de julho de 2010

Conto: Paixão, lições e dor (Parte 7)

Já pela manhã tentei falar com Raquel, liguei várias vezes. Ela parecia decidida a não me atender. Eu sabia que devia uma resposta a ela sobre nossa possível volta, mas eu definitivamente não estava disposto a falar, a pensar ou a vislumbrar algo sobre isso. Nunca enxerguei muitas virtudes em mim, mas uma era certa, eu sabia priorizar, e naquele momento não pensava em outra coisa a não ser minha amiga Clara e aquela atitude infantil de Raquel de se esquivar daquela ligação. Depois de inúmeras tentativas, mandei um SMS para ela. “Raquel? Câmbio!”

Decidi naquela tarde de domingo fazer uma visita para Raquel, me vesti. Escolhi um jeans claro, tênis Adidas preto e uma camiseta com o rosto de algum artista que não recordava o nome, tinha ganhado da minha mãe, uma camiseta nostálgica com ela. Pus o fone no ouvido, escolhi uma música que me deixasse pra cima, minha playlist não estava muito farta, optei por ouvir uma rádio qualquer. Ao abrir a porta da sala, passei pelo caminho que levava da sala até o baixo portão da minha casa, esse caminho era cercado por pedras coloridas. Me lembro que quando criança eu brincava sempre por lá, e aquele caminho tomou muito mais encanto quando conheci a história do Mágico de Oz. Incrivelmente eu andava agora como aquele leão, procurando um coração mais humano, apesar dele querer ter um coração verdadeiro, coisa que eu tinha, não me via diferente, ambos queríamos fazer algo diferente com nossos corações. De repente pisei em algo, retirei logo o pé, pois senti que se forçasse o passo ela quebraria. Era um aparelho celular, eu conhecia aquele aparelho.

Retirei rapidamente o fone de ouvido, como quem quer abrir espaços para entendimento das coisas externas. Abri o celular e não tive dúvida, era o celular de Raquel, no visor indicava várias ligações não atendidas e sinais de mensagens de voz e de texto, no plano de fundo via a foto de um rosto sorridente que remetiam a uma gueixa, Raquel. Entendi porque ela não havia me atendido. Raquel não é o tipo de mulher que foge de confrontos, ela pode até titubear, que de fato havia acontecido, mas ela não correria eternamente como parecia estar fazendo, cedo ou tarde os problemas deveriam ser resolvidos, ela gostava que fosse cedo, isso ocasionava diversas decisões infantis e desesperadas, mas ela não sabia aprender com seus erros, muito menos gostava que tentássemos ensinar essa dádiva a ela.

Peguei o aparelho do caminho que levava à Terra de Oz. Entrei e novamente me vi sentado no sofá de couro, gelado como sempre. Acho que está na hora de trocar o sofá. Abri o celular, pensei em dar uma vasculhada inocente, menti para mim mesmo achando que invadir a privacidade de Raquel seria algo normal. Certamente brigava com algo mais forte que eu, então abri o celular, nenhuma mensagem, apenas a minha, nas ligações nada de interessante, apenas nome de mulheres, suas amigas, mas um número me chamou atenção. Sabia que ele não me era estranho, mas não conhecia o nome. Disquei do meu celular, me surpreendi, era o telefone de Matias. Desliguei antes de completar. Por que Raquel tem o número de Matias em suas ligações e ainda com outro nome? Seja como for, desisti de visitar Raquel, aquela era a prova fidedigna de que ela não seria transparente comigo. Pensei em como tirar essas dúvidas, a atitude estranha de Raquel quando falei de Clara, e agora esse contato com Matias, eles nunca haviam se encontrado. Existia um mistério no ar, eu estava disposto a entendê-lo. Farei discretamente!

Apertei novamente o send do meu celular. Chamando Matias Fat Family.

- Fala, maluco! – Matias atendeu, e não pestanejou em caçoar de mim. – Ainda está com a dor do amor?

Gargalhei e entrei no seu jogo.

- Fala, Fat!  Só sofre quem tenta, namorar um Playstation é mais fácil, concorda?

Matias riu e praguejou algum palavrão. Combinamos de nos encontrar no Bar Vermelho naquela tarde.

O Bar Vermelho era um lugar bastante aconchegante, sua entrada era quase impossível de ser vista, às vezes eu pensava que ele era como uma sociedade secreta, porque para chegar até ele, alguém precisaria apresentar sua entrada. Tornado era o dono do bar, certa vez eu descobri o nome verdadeiro de Tornado, era Altair, mas ele se negava a assumir e falava que se parássemos de insistir em saber seu nome, ele nos daria uma tequila. Nós parávamos, mas ele sempre colocava a tequila na nossa conta. Tornado era um cara bastante divertido e sempre tinha uma piada de argentino para nos contar, um homem excêntrico, hippie com seus cinqüenta anos, ouvia reggae e sempre que eu pedia para mudar a música, ele me xingava de capitalista doente, magricela e contador de histórias, seus cabelos ruivos iam até os ombros, e sempre dizia que tinha adquirido aquela cor no cabelo por causa de seu contato com o Deus-Sol! O bar não se chamava Vermelho apenas por sua cor de cabelo, Tornado tinha um drinque especial que não revelava a receita para ninguém, e toda vez que algum novo visitante era iniciado naquela “sociedade secreta” ele oferecia um desse drinque antes de qualquer outra bebida, e se o iniciado não aceitasse, era a maior desfeita, lembro de várias vezes ter visto Tornado mandar novos clientes embora porque se recusavam a beber seu drinque vermelho.

Cheguei antes que Matias no Bar do Vermelho. Sentei no balcão, e pedi uma dose do líquido secreto do Tornado. Pedi que ele colocasse uma música do Gilberto Gil, apenas olhou para mim com desdém. Matias então chegou, já gritou de longe e falou para Tornado trazer uma cerveja gelada.

Matias era uma pessoa bastante diferente. Éramos amigos há tempos. Nos conhecemos quando jogávamos futebol para o time de nossa cidade, ele era o goleiro. Fatidicamente paramos, mas amizade perdurou, sempre nos falávamos e nosso ponto de encontro era o Bar Vermelho, o tempo não foi muito bom para a estética de Matias, ele engordou absurdamente e assim adquiriu o apelido de Fat Family, ele não parecia ligar, e isso me fazia admirá-lo mais. Ele sempre era o garoto mais assediado do time, as meninas tiravam fotos com ele, gritavam seu nome e ele nunca pareceu se importar, seus games de mão eram mais importante. De fato, Matias era um garoto diferente, tinha uma coleção de vídeo game, e sempre que eu podia, ia até sua casa paga jogar Atari. Ele não era muito alto, usava óculos estiloso, e se vestia de preto, achava ser um roqueiro. Sua cara era bastante redonda, e sazonalmente o chamava de Trakinas, seus olhos pareciam como de um mangá, garanto que eles eram incisivos e denunciavam sempre se Matias acreditava ou não no que falavam a ele. Matias sabia enganar aos outros, mas seus olhos o entregavam. Ele deu o primeiro gole na sua cerveja. Fui indireto.

- A Raquel esteve em casa ontem.

- Voltou a madame? O que ela queria?

- Conversamos sobre Hércules, acho que ela quer voltar comigo. Ninguém agüenta meu charme. – Brinquei. – Você precisa conhecê-la pra me dar sua posição. – Joguei com Matias, na esperança que ele começasse a falar sobre o contato dele com Raquel.

- Se ela souber jogar GTA, eu aprovo, do contrário...

- Matias, sem rodeios. – Levei a conversa para um tom mais sério. – Por que ela tem telefonado para você?

Matias procurou palavras, e tomou outro gole de cerveja para o tempo conspirar a seu favor.

- Ela... Bom, ela queria saber sobre você.

Comecei a observar seus olhos.

- Ela comentou algo sobre a Clara? Sobre o que aconteceu com a Clara?

- Mas o que aconteceu com a Clara?

Percebi que algo de estranho estava acontecendo, eu havia conversado com Matias sobre o ocorrido com Clara por MSN, visivelmente ele tinha se esquecido desta conversa e resolveu mentir para mim.

continua...

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Apareçam!

Fico muito feliz com o sucesso do conto, muitas pessoas têm comentado comigo sobre ele.
Fiquei ainda mais feliz com uma amiga que voluntariamente começou a reescrever meu conto como sendo Clara. Apareçam por lá! Fiquei ainda mais honrado por ela ser uma jornalista formada pela Universidade Federal do Amazonas. Obrigado Patty! Segue o link:


Segredos de uma Paixão - Parte 1


Abraços a mãe do Thiago, Christiane, que sempre aparece por aqui para desestressar!

Conto: Paixão, lições e dor (parte 6)

Raquel não era do tipo de pessoa que pede redenção. Era claro como ela entendia a vida, um misto de negócios e sentimentos, ela não conseguia entender a vida com seus paralelos, e certamente se fosse fazer uma analogia sobre seu coração, ela não titubearia em usar a bolsa de valores como sua metáfora para o amor. Novamente não estava fazendo diferente.

Raquel queria mostrar poder, queria mostrar suas conquistas e discorreu por muito tempo seus trabalhos, detalhou em minúcias um projeto que lhe rendeu um prêmio em dinheiro que ela usou para trocar seu carro. Eu apenas assentia com a cabeça, soltando alguns risos forçados. Estava diante de Raquel e aquele encontro foi diferente do que eu havia vislumbrado. Achava que teria sérias reações e que imploraria uma volta. Eu amava Raquel, por que não sentia aquilo agora?

- Hei, por que está tão calado? Você está bem? – Raquel perguntou com um sorriso no canto da boca. Eu sempre me preocupei com Raquel, e me atinha aos pequenos detalhes, sabia que quando seu sorriso era levado para o canto da boca, ela estava perguntando algo a menos do que queria saber. Detalhes que só quem ama sabe o que é.

Retribui o sorriso e respondi.

- Impressão tua! Trouxe o cheque da pensão do Hércules? – Uma piada para quebrar o gelo. Nós dois rimos. Raquel entendeu que seria melhor ela perguntar do nosso dálmata.

- Ah, preciso do exame de DNA, ele não se parece em nada comigo. – Rimos.

Abri a portas que dá para o quintal, chamei por Hércules, ele veio correndo na esperança de um prato de ração, olhou para mim abanou seu rabo, então apontei para Raquel, que estava dentro da cozinha. Hércules sempre pulava nela, mas dessa vez foi diferente, cheguei a pensar que ele estava gelando Raquel pelo o que ela me fez sentir neste tempo. Raquel foi até ele, deu uns dois beijinhos em sua testa e o deixou correr pro quintal. Esse foi o único contato dos dois.

Estávamos Raquel e eu olhando para o Hércules correr pelo quintal, então Raquel pegou no meu braço e disse que precisava falar comigo. Fomos até a sala e sentamos no sofá de couro preto, gelado como sempre.

- Bom, sei que já tem um tempo desde que terminamos. Acredito que não tenha sido da melhor forma e confesso que carrego comigo certa culpa. – Aquilo não era uma declaração típica de Raquel. Assustei, mas em breve ela mostraria algo mais natural dela. – Sabe, eu sinto falta de você, mas você não me deu opção, tínhamos que ter acabado, sua distância, sua ausência, mas vejo que esse tempo foi o suficiente para entendermos que temos que ficar juntos.

- Hei Raquel. Acho que não estou entendendo. Você veio até aqui para me dizer que eu estou errado, e que posso rever isso? Você veio me oferecer uma chance? – Falei polidamente, mas ela havia me deixado feroz. Raquel havia acabado de oferecer esmola a alguém que não era mendigo.

- Não. Me entendeu mal. A gente pode recomeçar.

- Raquel. Tudo o que tenho sonhado desde que terminamos é esse dia, o dia em que você visse que poderíamos nos entender. Mas Raquel – respirei fundo – você conseguiu acabar com todo o encanto. Definitivamente não sei o que te dizer... Só saiba que o mundo não conspira a seu favor, e que não se conserta esse estrago que você fez em mim simplesmente me dando a oportunidade de estarmos juntos novamente, e aquele outro homem? – Não consegui segurar uma única lágrima que escorreu.

- Veja bem. O Henrique foi necessário na minha vida para que eu crescesse emocionalmente. Ele fez parte de uma emancipação pessoal.

- Merda! – Me surpreendi com que disse. – Quando você vai conseguir admitir um erro seu? Único e exclusivo seu? Raquel, por favor, seja alguém diferente! – Eu já não era mais tão polido. Henrique era o seu nome. – Cansei de ver você profissionalizar a vida, e se por como chefe diante de todas as situações. Nem sei se essa conversa sua é um pedido de volta, não posso negar que é tudo o que eu queria, mas eu preciso pensar sobre isso.

- Okay. Me desculpe a petulância, quero você de volta mesmo. Vou embora, posso esperar sua ligação?

- Sim.

Raquel pegou sua bolsa. Me deu um beijo longo no rosto, meu coração gelou e tive lembranças. Lembrei de nosso primeiro beijo. Tínhamos ido ao cinema ver uma animação qualquer, Raquel sempre gostou de desenhos animados, me parecia sua fuga infantil para o mundo tão competitivo que ela criava. Ao sairmos, quando estava passando os créditos, todos se levantaram. Eu fiquei sentado, ela me apressou, vamos. Sorri, segurei na sua mão e pedi para que ela me amasse. Foi nosso primeiro beijo. Retirei uma mecha de cabelo que estava sobre seu rosto, toquei carinhosamente seu rosto que já estava corado nas maçãs. Juro te amar! Aquele momento foi eternizado, na saída do cinema, comprei um sonho de valsa para Raquel, depois de comer o bombom, ela deu um nó na embalagem e me devolveu. Tenho até hoje guardado esse mimo. Tão pequeno e tão valoroso, era uma ótima recordação.

Assim que me afastei de Raquel, senti a necessidade de ter que abraçá-la novamente. Abracei, não disse nenhuma palavra, não queria beijá-la, apenas queria senti-la. Sentia algo dentro de mim que me dizia ela é sua, ela é sua. Por um tempo fiquei assim. Então meu celular tocou. Desvencilhei dela, fitei-a com olhar meio sonso, ela fez movimento como quem se prepara para ir embora.

- Espere Raquel. – Peguei o telefone, olhei no identificador e me assustei, Clara! Como poderia, ela estava em coma? Olhei novamente para Raquel. – É Clara, uma amiga!

Obviamente que Raquel nunca saberia quem era Clara, sempre soube da preocupação de Raquel com meu círculo de amizade, e saberia que qualquer mulher que esboçasse um mínimo de interesse por mim, mesmo sendo amistoso ou mesmo materno, era pretexto para uma longa briga. Poupei Raquel de saber de minha amiga, assim como me afastei de Clara também. Me recordo de pequenos gestos de ciúmes de Raquel quando minha mãe se aproximava de mim para um simples beijo afetuoso. Mas algo me impressionou com essa ligação.

Assim que mencionei o nome de Clara, Raquel estampou em seu rosto uma reação dantes nunca vista por mim. Estranhei. Parecia que ela sabia de algo, que me escondia algo e que deveria fugir daquela situação para não ter que me explicar o porquê desta atitude diferente. Me dividi entre atender o celular e interrogar Raquel. Atendi.

- Alô? Clara? – uma voz conhecida do outro lado me respondeu. – Oi Rose. Tudo bem sim.

A irmã de Clara, Rose, me ligou do celular de Clara, queria me dar notícias sobre ela, disse que ela havia demonstrado considerável melhora, e que pensou em me ligar porque em um momento de clareza rápida Clara havia dito meu nome. Fiquei encabulado, sei que corei, então chorei, senti saudades da minha amiga, senti um misto de culpa por não ter o que fazer, pensei o que ela faria se fosse o inverso. Desliguei o celular. Olhei para o alto como se fosse encontrar algo, então voltei meus olhos para porta, onde Raquel estava ao atender o telefone. Então vi que Raquel tinha ido embora. Assim, sem pestanejar ela havia desaparecido de lá. O que será que aconteceu?

Liguei para o celular de Raquel. Tentei três vezes, ela não atendeu. Deixei um recado na caixa postal. Assim que puder, me ligue, por que saiu correndo assim?

Confesso ter achado aquela atitude demasiadamente estranha. Raquel nunca fugiria de algo que era visível que me perturbava. Ela não sabia quem era Clara, aquele aspecto intrigante e duvidoso de seu rosto me deixou perdido em pensamentos que julgava ser impossível. Não... não... Será? Acho que vou tomar um café...

Prometi ligar para Raquel para dar-lhe uma resposta sobre nós, mas agora além desta resposta eu também tinha uma pergunta, aparentemente tola, mas não viveria sem saber.


continua...