segunda-feira, 15 de março de 2010

Segunda-feira é dia de fórmula

Segunda-feira... Cito novamente Mario Quintana: “segunda-feira é um gato preguiçoso”, muito engraçado como dois dias de descanso nos deixam menos descansados. Já repararam nisso? Chego à conclusão que o responsável por nossa canseira é a expectativa. No domingo estamos aguardando com pesar a segunda, e o dia começa lento, os movimentos dignos de um bicho preguiça, a vontade galgando os mais baixos degraus, os olhos semicerrados, ombros caídos e a vã esperança de faltar algum professor, ou que nossos chefes tenham algum problema gastrointestinal para nós podermos empurrar o dia com a barriga, já que existe uma fórmula para a vida profissional: “O ânimo do seu superior é totalmente inversamente proporcional a sua vontade de trabalhar”. Pode testar, não duvide... Chegue atrasado, seu chefe estará lá, olhará com desdém pra você, medirá sua roupa de cima a baixo, e te cumprimentará (naquela linda manhã) dessa forma: “Boa tarde!” Depois de você xingar em pensamento até a oitava geração (tanto ascendente quanto descendente) você irá para sua mesa abalado psicologicamente e uma nova fórmula nascerá “a quantidade de trabalho será equivalente a quantidade de xícaras de cafés que você necessita durante o dia”, lógico que esses cafés serão tomados escondidos, pois caso teu chefe te veja mais de uma vez na copa, ele terá sempre uma nova frase “sábia-ofensiva” para te desmoralizar, aproveite os momentos dele no mictório. Por outro lado, certo dia você acorda disposto, sim, não pare de ler meu texto aqui, acredite, acontece com alguns de vez em quando, chega no trabalho quinze minutos antes do horário, justamente neste dia seu patrão adoeceu, ou a esposa dele adoeceu, ou seu cachorro, ou o pentelho do filho ou ficou paralisado no trânsito. Você pensa: “Nada vai acabar com meu dia, nem a tragédia do meu patrão não ter me visto chegando mais cedo.” Justamente nesse dia, esse maravilhoso, seu patrão resolve que o dia já está perdido mesmo, e leva no banho maria, mas não se iluda amigo proletariado, mesmo ele levando “nas coxas”, ele não te liberará mais cedo, ou seja, você disposto, ele não, trabalho moroso, mais uma fórmula nasce: “Em dia de indisposição ‘chefial’: para cada hora trabalhada, sensação temporal de cinco.” Seu dia demorará cerca de quarenta horas.

Este fim de semana foi interessante, vi minha mãe, já começou a nos dar lições de vida, não estava nada abatida, caso não entenda, leia o texto anterior. Viajei à 1h30, como de costume, durmo do início ao término da viagem, desta vez fui despertado por uma goteira, depois de uma hora de viagem, descobri que os ônibus também têm problemas com goteiras, como as tradições falam mais alto que a raiva, ainda mais em momentos inconscientes como no momento em que acordamos, troquei de banco ao som de “nessa casa tem goteira, pinga ni mim”, cantei mentalmente, estava inconsciente e não inconseqüente e pensei, o que seria de nós se não fosse Sérgio Reis? “Panela velha é que faz comida boa”, “Toda vez que eu viajava pela estrada de Ouro Fino...” Aliás, um furo de reportagem: Sérgio Reis foi acusado de pedofilia, ele cantou o menino da porteira... Péssima piada, eu sei, me perdoem, é segunda, e ainda por cima estou na biblioteca da faculdade, estou em clima de intectualidade. Deixando as piadas de lado, as 6h cheguei na Barra Funda, pego o metrô e rapidamente chego no Mack, minha mãe, mulher prendada, me manda na bolsa dois pães caseiros, sentei na praça de alimentação, sem nenhuma lição de vida desta vez (se não entendeu clique aqui), vou até a Boulevard e compro um cappuccino. Pasmei, me cobraram apenas R$ 2,50, depois de ter sido acordado pela enfermaria da faculdade, eles me deram meu cappuccino e me confirmaram que o preço não era uma alucinação. Mas como diria o velho deitado: quando a esmola é demais... pega e aproveita. Ensaiei para tomar o cappuccino: desfilei pela praça de alimentação, segurando a xícara com o dedo mínimo para cima, sentei, levei até a boca, tamanha surpresa, o cappuccino era salgado! Sim, como o sal cisne, sim, como a água do mar, sim como o churrasco do seu cunhado metido a cozinheiro! Olhei bem para ver se não tinham me dado sopa instantânea por engano. Tentei remediar com um açúcar que eles me deram, deveriam ter me dado uma cana-de-açúcar, uma rapadura ou um o doce mais doce que é o doce de batata doce, porque definitivamente, o pior cappuccino da minha vida. Mas a vida continua, e minha água ajudou a mandar pra baixo meu pãozinho. Não se iluda consumidor, a lei do cappuccino: “a qualidade do cappuccino está ligado proporcionalmente ao seu preço, necessariamente tabelado pelo preço do brioche.”

A vida é mesmo assim, decepções profissionais, horas infindáveis de trabalho, cappuccinos frustrados e R$ 2,50 gasto em sal. O importante é levantar a cabeça, olhar pro lado e criar a expectativa que cappuccinos melhores virão, que os cafés em dia de atraso não serão vistos pelo teu chefe, e que aos domingos nosso ânimo será automaticamente revigorado junto com o paredão do Big Brother, programa este que nos dá um exemplo de vida, afinal pra eles também não deve ser fácil recomeçar a semana. Faltam-nos exemplos, na boa, desligue a TV e vá ler um blog que te inspire. Respire e toque a vida, o sol é para todos, e independente do gosto do seu líquido cafeinado, o dia pode continuar amargo.

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