sexta-feira, 19 de março de 2010

Uma bufinha não faz mal

Comecei ontem a fazer uma matéria extracurricular, Técnicas de Estudo, achei bastante interessante, deu algumas dicas de como termos êxito nas rotinas de estudo, um pouco utópico pra quem além de estudar tem que sobreviver, porém ouvi tudo e retive o que foi bom, que não foram poucas coisas, mas a linha que separa a teoria da prática não é nada fina, é equivalente as vontades de mudanças, que rotineiramente não são das melhores, enfim, afoito para executar algo novo em minha vida, decidi ouvir um dos inúmeros conselhos do professor, e resolvi dormir mais cedo, dissertava o docente que uma vida para estudantes deve ser regada a sonos saudáveis.

Na ânsia de mudança de hábitos acadêmicos, fui então mais cedo para cama, quando digo mais cedo quero dizer que não deu tempo nem de ver a Luciana e o Miguel, eu sei que isso é dolorido, mas custou-me caro, “grandes responsabilidades exigem grandes sacrifícios” já diria Ben Parker (tio do homem aranha), e outra, Manoel Carlos nunca foi inspiração para mim, mas algo mais específico sobre ele fica para outro dia. Fui dormir cedo, perto das 21h. Com meus restritos conhecimentos sobre a ciência do sono, achei que isso seria bastante benéfico, doce ilusão.

Ajeitei minhas coisas, guardei meu notebook, enchi minhas garrafinhas de água, as coloquei na geladeira, arrumei meu material, o coloquei na minha bolsa transversal, fiz todo um ritual noturno que inclui dois ou três sudokus, a leitura de algum livro paralelo ao meu campo de estudo, outro hábito que o professor pediu que administremos com prudência, então li menos, li a bíblia, orei e fechei meus olhos ao som leve de Legião Urbana (não vou falar a música, senão vocês não acreditariam), dormi. Não tenho sono leve, não mesmo, tanto que minha mãe falava que se alguns ladrões entrassem em casa na hora em que eu estivesse dormindo, eles levariam a cama, e eu não perceberia. Em off: tem vezes que finjo dormir para não atender o telefone ou para ouvir a conversa dos meus pais.

No meio da noite, acordei algumas vezes, sonhei muito e sonhar a noite cansa. Sei que nessa história, eram 4h e eu estava estalado, minha cota-sono parecia ter acabado, levantei, bebi uma das minhas águas e sem o que fazer voltei à cama na esperança de reencontrar com meu objeto de mudança de vida acadêmica: meu sono. Dormi novamente, assumo, não com muito custo, acordei com 30 minutos de atraso, com uma dor de cabeça daquelas que te acusam: Você dormiu demais, enquanto me trocava amaldiçoei até a sétima geração do meu professor, que no mínimo estava acordado, se preparando para mandar mais alunos dormirem cedo. Peguei minha bolsa, fui até o ponto de ônibus, titubeei, e por algo inacreditável, queria dormir mais, desci de joelhos a ladeira para ir até o ônibus, fazendo o seguinte pedido: “que tenha um lugar pra eu sentar no ônibus, assim posso dormir no caminho até o metrô”. Em uníssono: DOCE ILUSÃO. Tive então mais um aprendizado: pagar a promessa só depois dela cumprida, se bem que tenho uma “ladeirada” de joelho em crédito.

A saga matinal começa... Saga Matinal! Poderia ser nome de cereal. Bom, começa, eu lutando contra um dos maiores adversários, o sono, ele estava demasiado fortalecido, depois do percurso de ônibus fui ao metrô, creio eu que algum anjo lembrou-se do meu crédito celestial, e deixou que eu esperasse apenas três trens para embarcar, mas a minha “ladeirada” não deve ter sido muito boa, fui “cochado” da estação Carrão até a Sé, mas no meio disso minha fisiologia me fez lembrar que nem tudo havia sido feito devido a correria. Levemente algumas pontadinhas vieram à tona, alguns gases metanos resolveram dizer oi. Foi aí que me achei sábio: estamos no maior misto de pessoas: inúmeras cores, jeitos e cheiros. Cheiros... resolvi então soltar uma bufinha inocente. Puff... Armei um sorriso maroto, e num intervalo pequeno soltei mais umas duas, mas nem todas as nossas idéias são tão inovadoras assim: aquela bufa não era minha, e bufa é como filho, é a cara do pai, eu a conheço! Rapidamente um movimento estatístico: 1. Alguém leu minha mente e quis me sacanear, mas seria impossível descobrir, Mãe Dinah??? Não... Havia mais sorrisos marotos armados, e olhar para todos era humanamente impossível se até para levantar a mão precisa pedir licença, imagine para fazer uma pesquisa. 2. Alguém teve a mesma maldita idéia que eu, na multidão de odores, um a mais não faria diferença, o maldito deve ter assistido a mesma aula que eu, e estava do meu lado, ou muito podre. 3. Não conheço mais meu filho! Isso é o mais dolorido, como poderia conviver sem conhecer minha bufinha? E se não a conhecesse eu não iria ter um leve prazer ao senti-la... Não seja hipócrita, temos um affair com nossas bufinhas.

Hoje tive uma lição, aprendi valiosas coisas: sempre nossas melhores idéias já foram pensadas, e a possibilidade delas serem mostradas para você será sempre na ocasião que você quiser mostrar para todos. É, aprendi também que as bufas devem ser mais pessoais e que nem tudo que seu professor fala deve ser levado a sério, repense, afinal, são 19h e ainda estou morrendo de sono. Maldito sono!!!

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