quarta-feira, 26 de maio de 2010

Determinei-me a viver. Isso basta!



Rotina não tem sido meu forte, tenho sido surpreendido pelos meus afazeres nesses dias, quero escrever sem compromisso hoje. Semana de provas finais estão chegando, e em breve me enclausurarei para acabar com a tortura do semestre. 

Falando sobre compromisso, estive pensando nesses dias sobre alguns fatos, que me deixaram um tanto atônito. Estamos vivendo em uma sociedade que preza por informações, que tem a necessidade de explicações, respiramos ciência e tecnologia, o que faz de nós pessoas que questionam coisas, fatos, pessoas e com uma sede de saber responder questões como “de onde?”, “pra onde?”, “por quê?” e “como?”. 

A ânsia do saber corre por nossas veias, não é ruim, é evolucionário, não resta dúvida, até porque isso foi a causa de descobrirmos que os raios não vêm de Thor, e que a chuva não é Deus que se chateia e chora. Mas isso me aborrece às vezes. Saber de tudo, ou pelo menos querer saber de tudo me deixa “amuado”.

O fato de ficar incomodado com isso não está na busca da verdade, não mesmo, friso: é revolucionário. O que me chateia são as fórmulas, detesto determinismo. Não consigo conceber a idéia de que fatos ocorridos ou possibilidades deles acontecerem possam traçar reações nossas. Tenho certa admiração pela psicologia, em especial a parte comportamental, porém, fico impressionado com a capacidade da busca por explicação de nossas vidas. 

Definitivamente não sou determinista, sou utilitarista. Acho que usamos forças demais para necessidades pífias. Não gosto de conjecturas que me encaixam em padrões de beleza e de fealdade, de certo e de errado, de diferença e igualdade, não gosto da ciência da presunção, acha o leitor mesmo que é interessante prever o resultado? 

Matematizar a vida é muito brochante, esperar os resultados é desesperador. O único filme que me dei o luxo de ver até o final já sabendo o que aconteceria foi “Paixão de Cristo”, não faria isso por qualquer outro. A expectativa aquece o coração. Sei que podemos olhar o determinismo como uma forma de prevenção para as coisas más que podem acontecer em nossas vidas, porém este argumento pode ser em parte refutado. Geralmente nossas “burradas” são precedidas por paixonites, alguém pára para mensurar devaneios de paixões? Alguém racionaliza sentimentos fortes e momentâneos? Alguém se priva de fazer algo que traga grande satisfação pessoal? Poucos. Quase ninguém, quiçá ninguém! 

Viver tem sido algo desprezado por alguns. E levar a vida muito a sério não é nada saudável. Rir dos erros, chorar pelos acertos, xingar o juiz, fazer campeonato de arroto, comer muito chocolate, e depois uma dieta pra conquistar alguém. Ter crises, esnobar as crises, cabular aula pra jogar conversa fora. Apertar a campainha e sair correndo, rir quando fazem isso contigo, paquerar, esnobar. São coisas que valem à pena. Talvez isso roube um tempo que faria de nós “pessoas de sucesso”, mais abastados e mais endinheirados. Mas do que adianta tudo isso se não puder rir da vida? 

Eu sou maior do que a vida, ela pertence a mim, e não eu a ela. Quem determina algo sou eu! Tapo meus ouvidos para as fórmulas, mas quero fazer de mim alguém invejado por quem quer saber viver. Agora vou estudar... Mesmo assim, algumas responsabilidades devem ser sempre presentes! 

Quero partilhar um poema de Fernando Pessoa, heterônimo Ricardo Reis, é demais. 

Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive.

2 comentários:

  1. GRande Davi.
    Ainda bem q tô munido de um dicionário. Vc usa palavras difíceis. =)

    Belo texto. Tem razão no que escreve. Estão robotizando e padronizando tudo de uma forma formal. hihihi...

    by Farfalhador

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