segunda-feira, 12 de julho de 2010

Sonho é de papel

Saindo um pouco do campo da ficção. Finco meus pés na mais dura realidade. Hoje pretendo falar um pouco sobre sonhos, quero dissertar brevemente sobre verdades e mentiras que cercam nossos desejos. Segunda, 5h35, já abro meu coração dizendo que minha alma está um pouco abatida, fui acometido recentemente por problemas de cunho personalíssimos, e desde logo peço perdão pela frieza do texto. Garanto, todavia, que a frieza não trará inverdade, apenas deixará o texto mais gélido, mais frígido, uns acham beleza nisso, sendo espectador sim, mas protagonista, não mesmo.

Existe uma indústria famigerada que prega sobre sonhos de uma forma tão envolvente, que a utopia por vezes deixa seu caráter impalpável e cria expectativas que não podem ser supridas por nada. As músicas nos encorajam, as palestras motivacionais nos despertam, as igrejas pregam ferrenhamente. Conteúdo não falta para dizer que os sonhos mais impossíveis são alcançados com esforços desmedidos.

Refuto!

Uma das maiores mentiras plantadas na sociedade é a de que todos nossos sonhos serão realidades. As mensagens são nobres, “corra, busque”, “não desista”, “tente outra vez”. Não quero tirar a poética do recomeço, a hombridade da luta, quero temperar a vida com realismo. Garanto que ilusão faz parte sim do processo de viver, tornam as coisas mais fáceis, mas salvo engano, a ilusão só pertence ao nosso sono, o resto é muito real, diria assustadoramente real.

Existe “n” formas de avaliação pessoal, e uma clássica é a que somos exatamente do tamanho de nossos sonhos. Até pode ser real, mas isso não quer dizer necessariamente que chegaremos até o sonho. Noventa por cento do que sonhamos não vai acontecer. Existem postos que são únicos, e duas pessoas não podem ocupar o mesmo lugar. Nem todos serão ricos, nem todos nasceram em famílias privilegiadas, nem todos estudarão em faculdades públicas, alguns sequer farão faculdades.

Existe uma indústria implícita em nós que gira conforme uma imensa engrenagem chamada dependência. O que almejamos para nós mesmos muitas vezes dependem de terceiro, e pasme leitor: não temos gestão sobre terceiros! Não podemos virar a cabeça de alguém, não podemos movimentar vontade de outros, não podemos sozinhos eleger alguém.

A sociedade e o mundo foram feitos para serem vividos em coletividade, os sonhos muitas vezes nos torna único. Doloridamente, essa exclusividade esbarra na regra da coletividade, e vaza para o ralo todo o encanto do sonho.

Não quero “gorar” projetos, nem tenho a intenção de ser uma pedra no caminho dos sonhadores, repito, é nobre. Encorajo a prosseguir, a tentar, lutar. Sabido é que a maioria não alcança, mas algo é fato, os que alcançam sempre tentaram. Corra o risco, mas não deixe que a frustração do não te afogue. Prefira ter em sua lápide: “tentou” ao invés de “um homem bom”. No máximo adquirirá muitas histórias e experiências. Acredite, suas histórias serão levadas para a posteridade, e quanto a sua experiência, quem sabe alguém não a use para seu sonho?

Tentei, tentei e tentei. Se não consegui, a culpa não é minha!

2 comentários:

  1. é...não deixe que suas expectativas te frustrem, afinal elas e seus sonhos não são muito amigas...aliás são adversárias...

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  2. É de pensar no que escreveu. Nem sempre depende apenas de nós para que algo aconteça. Contudo, façamos, ao menos tentamos fazer, o que nois quer faze. Num é memu?
    Texto bacana.

    by Bipolar S.A

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