quarta-feira, 28 de abril de 2010

Pequenos deuses não têm divindade

Todos os dias nos deparamos com um boom da indústria da fé, herança da Reforma Protestante, o pensamento teológico nunca foi tão antropocêntrico: eu posso, eu sou, eu vou e passarei por cima de tudo para minha finalidade, Maquiavel jamais foi tão entendido como pelos cristãos. Paradoxo. A vida é feita de paradoxos. O efeito não está só no cristianismo, nas ruas, no misticismo oriental, nas faculdades, na política, em todo e qualquer canto a ênfase no poder e potencialidade humana é grande, existe uma deidade do ser humano, confesso, algumas vezes temerosas, mas tentemos acreditar que tenha o intuito de extrair o melhor de cada um. Acabei de ler o último livro de Dan Brown, e esse pensamento estava assustadoramente presente.

Diante dessa filosofia “teo-antropocêntrica“, eu que não ouso ser diferente, me sinto revitalizado diariamente ao acreditar no poder de minhas mãos, atrelado ao que o Papai do Céu pode fazer por mim. Mas...

Existem coisas que nos tiram do centro, que nos dão a triste sensação de falta de controle, impossibilidade e de estar de mãos atadas.

Domingo estava voltando para casa, ao descer do ônibus, fui furtado! Levianamente alguém retirou do meu bolso a minha carteira, depois de uma olhadela do infrator, ele se denunciou implicitamente, tarde demais para mim. Fora do ônibus, apenas com uma tese da possibilidade do reconhecimento do infrator baseada em um olhar torpe. Um delay digno de um telefone público a ficha me paralisou por alguns segundos.

Que terrível!

Que sensação horrível é saber que não podemos fazer nada. Administrativamente estou okey, fiz o B.O., porém confesso que psicologicamente ainda resta uma pontada aguda. Não pelo perigo, não pelo furto em si, mas pela sensação de impotência. Isso desmonta qualquer um!

Nossos projetos são ricamente regados a motivações pessoais e externas, os acervos e palestras motivacionais atingem uma gama surpreendente seja nos vídeos online, em livros, para todos os lados sempre há alguém que profissionalmente ou não, nos empurra e faz tirarmos forças muitas vezes da própria fraqueza. Existem limites que são superados, acredito piamente nisso, somos uma raça extraordinária, com movimentos de renovação e adaptação apoteóticos.

Porém existem barreiras pós-limites, intransponíveis. Sério! E quando chega o fim da linha, o jeito é se conformar e num golpe nostálgico entender: Por mais que acreditamos ser "pequenos deuses", isso não afasta de nós o caráter de sermos finitos.

Menos pretensão, mais realismo! Vamos tocar a vida, documentos, eu faço outros, mas a ferida da impotência, certamente não encontro seu remédio no Poupatempo.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Chega nº 3

Pessoal, estou atolado em trabalhos e provas, em breve um texto decente, por enquanto, vai um protesto!



"Chega de crepúsculo, chega de lua nova ou qualquer droga vampiresca! Saudades do chupa-cabra, ele era mais bacana!"

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Chega nº 2


"Chega da indústria da fé! Pára com toda a fé fabricada em laboratório, esse evangelho meia tigela que fala que eu devo ser rico! Chega, pra me tornar um ganancioso a última coisa que preciso é de uma igreja!!!"

sábado, 17 de abril de 2010

Chega! nº 1



"Chega de corrupção, de mensalão, quero meu imposto investido em mim, e por favor, nas meias e cuecas apenas pés e genitálias (necessariamente nessa ordem)!!!"

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Valeu...

Deus não é bom!

Estou muito feliz, creio que este é meu último post antes da nossa campanha ter êxito. Mil visitas. Um dia isso será a quantidade diária.

Não poderia deixar de escrever algo hoje, e deixar algo retumbando na sua mente neste final de semana, eu como um bom cristão, não poderia deixar de escrever algo nesta pré-comemoração que não tivesse este teor. Resolvi trazer alguma reflexão “gospel”, e peço a gentileza de você leitor que não é simpatizante do cristianismo, do protestantismo, seja ateu, agnóstico, sente-se comigo, seu feedback me deixará contente.

Diariamente somos cercados de paradigmas, existem verdades que nos cercam que talvez não sejam tão verdades assim, que simplesmente acreditamos, enfiamos goela abaixo e nos sentimos satisfeitos, mesmo com o amargor de seu sabor. Convém que tenhamos pensamentos questionadores, e pra mim não custa te intrigar um “cadinho”.

Deus não é bom!

É! Não mesmo, imagino o porquê de tantas pessoas colocarem adesivos com clichês do tipo, “Jesus te ama, e eu também”, ou coisas do tipo. Por que achamos isso? Por que acreditamos nessa barbaridade?

Ah, tamanha blasfêmia. Espera! Se Deus sequer se preocupa em segurar os montes no Rio de Janeiro, por que Ele pensaria em me fulminar por escrever algumas bobagens para alguns poucos leitores? Onde está Deus? Onde está o fruto do seu penoso trabalho?

Vamos encorpar mais a provação da distância do Celeste: perca um dia de trabalho e fique das 17h às 21h em frente à TV, isso, faça um random nos canais, ontem tive o “privilégio” de ver algumas atrocidades, em questão de quinze minutos fui atordoado com pedofilia, assassinato e pasmem: um estupro de uma senhora de 79 anos por um garoto de 19. Hei, cadê o Criador? Cadê o Deus de amor?

Vamos dar um zoom. Pode trazer a memória algo que aconteceu na sua cidade? No seu bairro? Ou ainda pode lembrar do dependente químico que maltrata sua mãe, que mora aí do seu lado? Hei, onde está o Todo Poderoso?

Vamos tentar atribuir atributos a Divindade: justiça, amor, paz, compaixão, PAI, conselheiro.

Você acredita mesmo? Deus, definitivamente, não é bom!

E essa porcaria de vida sua? Hei, e esse contar de moeda, e esse “cincão” que você coloca de gasolina? E essa solidão? E a preocupação de Deus em colocar alguém na sua vida que te complete? E os seus sonhos? E sua faculdade frustrada? E sua vida frustrada?

CADÊ A BONDADE DO PAI AMOROSO?

Deus não é bom.

E sabe por que Deus não é bom? Atribuímos a bondade de Deus aos nossos sentimentos moralistas. Entendemos que o máximo de nossa bondade, elevado a enésima potência determina o que é Deus, Deus não foi feito para ser compreendido e sondado por mente humana. Ele é quem Ele é independente de você, e não creia que um dia saberá entender o sentimento de Deus, não ouse jamais tentar sondar o coração d’Ele. Petulância, prepotência, pretensão e arrogância de sua parte achar que pode mensurar a dor e amor de Deus.

Nos pegamos diariamente a pensar nesses dilemas, e muitas vezes temos medo de questionar a Deus, certamente não conheço os sentimentos do Pai, mas uma coisa Ele tem a preocupação de nos ensinar: relacionar-se com Ele.

Tenho aprendido isto. Deus tem a intenção de me fazer parecido com Ele, e um atributo que Deus espera de nós, é que sejamos sinceros. Falar o que é bonito a Ele, não mostra que você o ama, mostra que você tem medo, Deus quer arrancar de você seu sentimento pior, e se for necessário falar: “Hei Deus! Acordaaaa!!!” Creia, Ele quer ouvir isso. Ele quer nos entender, e para isso temos que nos fazer entendidos! O fato de você achar a Deus um ser terrível, não faz d’Ele alguém terrível! Faz de você alguém sincero. Não temos gestão sobre nossos sentimentos se não agirmos com sinceridade sobre eles.

Ao contrário do que pensamos, Deus se preocupa conosco. Se preocupa com seu povo e se preocupa com que rumo estamos tomando.

Deus deu para o homem, o sonho de todo o homem: Ser livre. Engraçado como queremos o bônus, mas fugimos do ônus. Queremos ser livres, mas não queremos arcar com o preço dessa liberdade. Queremos construir, amar, apaixonar, queremos causar perigo, tudo isso sem a intervenção de Deus, mas na hora da dor Ele tem que estar presente. Ah, entendi, tudo o que queremos de Deus é um relacionamento do tipo que corremos. Nunca vi ninguém sonhar em ser alguém para quebrar galhos na vida de alguém. Nunca vi ninguém querendo ser usado apenas para os momentos difíceis.

Se queremos Deus, não podemos ter apenas parte d’Ele, Deus é um todo!

Mas talvez tenhamos colocado Deus como um todo em nossa vida, e as frustrações ainda continuam presentes, e muito presentes! Essa é a maior dádiva de Deus: treinar seus filhos para que eles sejam grandes, e ainda não foi inventada melhor escola que a dor, acredite:

“Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano, o que Deus tem preparado para aqueles que o amam” I Coríntios 1.9.

A dor precede a honra! Para cada dia de vergonha: DUPLA HONRA!

Deus é bom, nós que não entendemos o que é bom!

ps: inspirado na palestra ministrada por mim no retiro de Páscoa.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Campanha do Mil

Estamos chegando aos mil acessos, quando digo "estamos", entenda você, eu e meu ego, que tem sido domado diariamente. Quero aqui fazer alguns agradecimentos:



À minha mãe, que acompanha cada texto, absolutamente todos. A Andreza e ao Alex, que acalentam esse blog com suas brigas néticas (Alex, neste fim de semana tem festa na casa da Andreza, eu te convido).
Agradeço a minha solidão, e a esta selva de pedra da capital, sem as quais não teria esta iniciativa de expor tamanhas barbaridades que intitulo de idéias.
Agradeço ao metrô SP, especialmente ao trecho Carrão - Santa Cecília: se não fossem as cochadas e bulinadas involuntárias, as figuras carimbadas que vejo diariamente, e o odor peculiar de um dia de trabalho a inspiração não seria a mesma.
Agradeço também ao contador de visita, que pra cada uma visita, contabiliza 10! Chegaremos aos dez mil acessos mais facilmente. Não é pra tanto...
E obviamente, agradeço a cada leitor, comentarista, crítico que aqui aparecem, aos conhecidos, aos anônimos, e especialmente a cada amigo que mesmo não lendo, mente pra mim dizendo que lê, ou mané, não precisa fazer isso, eu sei que você é ignorante mesmo!



Vamos comigo aos mil acessos?
Valeu, um dia me verão escrever para um lugar decente!



Paz...


Davi Gonçalves
Blogueiro


quarta-feira, 14 de abril de 2010

Nada é inteiro por si só

Achei um espaço em meio a essa loucura de provas intermediárias. Confesso que começo este texto sem saber o que discorrer, talvez como um rapper eu possa tentar ousar no “repente”, e de fato vai ser assim, a inspiração virá.

Algo me chama a atenção: existem momentos em que achamos inspirações, motivações, vontades, desejos, anseios, aspirações, mas não sabemos direcioná-los. É, é isso. Já se sentiu assim? Com uma vontade incontrolável de mudar o mundo, salvar os golfinhos ou promover paz na terra? Mesmo não sendo candidato à Miss Mundo? Mas, infelizmente não sabemos como canalizar essas forças.

Não podemos reclamar de falta de aspirações, não podemos resmungar por termos pequenos sonhos ou mesmo porque nos falta um senso natural de modificar nosso mundo. Acredito que temos em nós alguns tons afinados propensos a fazer algo novo e benéfico em nossas vidas e por conseqüência na de outros.

Isso é um dom natural.

Mas como diria alguém: nem tudo são rosas. Pense comigo, raramente os complementos fazem parte do pacote. O queijo ralado não vem com o macarrão; o guarda-roupa não vem com a roupa, nem o guarda-chuva com a chuva; o girassol vem sem o sol. A Barbie vem sem o Ken e por esta última aprenda: por mais amores que tenhamos, a busca pelo seu par será inevitável, e ainda não tem a garantia da vitaliciedade. Tudo é dependente, tudo por si só não tem tanto valor senão atrelado a algum plus.

O sentimento altruísta existe em nós, mas o primeiro passo para exteriorizá-lo deve ser adquirido, tem preço. As dores, delícias e loucuras da quebra de vínculo não vêm no pacote vital. É necessário adquiri-las, aí novamente encontramos mais um paradoxo para nossa racionalidade: Qual a finalidade de termos desejos desenfreados de mudanças e anexo a ele a morosidade em fazer acontecer?

Se esse paradoxo é inevitável, convém num súbito “poliânico” acreditar que antes termos os desejos altruístas inicias à já nascermos no ostracismo, ao menos corremos o risco de algum surto “defeituoso” melhorar algo. E isso acontece a outro, confesso, me gera certa invejinha.

Penso em você leitor, não pretendo ditar passos para que alteremos esta situação - até porque soaria demasiada pretensão crer possuir verdades tão inovadoras - mas pretendo levantar um questionamento: o que te faz diferente e único? Se são apenas teus erros que te fazem “especial”, receio dizer que você talvez seja dispensável.

Parafraseando certo autor: no cemitério estão enterradas as maiores riquezas: o livro não escrito, a música não tocada e a canção não cantada, o melhor pai sem seu filho, e muitas invenções brilhantes, insondáveis em nossa restrita capacidade.

Não sei quanto a você, mas eu não quero ser mais um, quero deixar saudades!!!



ps: para meus leitores “juristas”: no campo das mudanças pessoais, na maioria das vezes o acessório não segue o principal. Retifico: Nunca segue!


Menção honrosa ao meu amigo Thiago, de Bauru: sua inteligência é agradabilíssima, obrigado pelo momento relax mesmo em um papo nético. Bom saber que por onde passamos temos pessoas que nos marcam com amizade, indicação de emprego, bons papos, uma tartaruga mordedora e a arte refinada de saber reconhecer uma mulher que vale a pena. (dgoncalves) ;)

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Em provas

Pessoal, estou em provas, peço perdão pela falta de atualização, acabando essa loucura voltarei.
Abraços e obrigado pelo prestígio, o feedback tem sido ótimo!!!

Quase 800

terça-feira, 6 de abril de 2010

Síndrome de Herói

Vamos falar sobre responsabilidade, aliás, nem tanto sobre ela, sobre o peso que ela nos causa. Já passou por uma situação em que todos confiavam em você? Como isso repercutiu em sua vida? Tomara que eu seja normal.

Eu confesso: tenho medo de ser super-herói. Tenho medo das expectativas geradas em mim. Tenho receio de não surpreender, de falhar e da tal da criptonita aparecer e perder minhas forças. Sou o único? E o mais engraçado é que isso parece ser inevitável em minha vida, acho que tenho algo que atrai algumas esperanças, e noto que isso não me faz bem.

As nossas maiores crises nascem quando não somos o que queremos ou ainda não somos o que os outros querem. Eu vivo diariamente querendo atender minhas expectativas, que muitas vezes são traçadas por outros, como isso tem sido duro, viver socialmente gera em você personalidade que talvez não seja tão sua assim.

Tenho que atender a padrões de moda. Tenho que atender a padrões de etiqueta. Padrões são despejados diariamente sobre mim. Percebi que sou forjado a atender necessidades alheias. Isso me frustra.

Nesse feriado tive algumas palavras agradabilíssimas, palavras de incentivo, de reconhecimento, de amor, porém, junto com elas, implicitamente, bastante escondido veio o peso da responsabilidade. Amar o que faz e fazer bem o que ama gera inevitavelmente esse ônus da excelência.

Existem momentos em nossas vidas que errar não pode ser mais tão normal, errar é humano, sim, clichê básico, mas existem responsabilidades que uma vez revogadas, uma vez vistas de outra forma fazem com que perdas preciosas aconteçam. Antes de pensar em jogar algo para o alto, antes de tomar atitudes anuladoras, vejamos o que ela gera. Viver gera responsabilidades, e se engana quem acredita que a tal arte de viver seja algo que pode ser executada solitariamente. Todos, absolutamente todos, nossos atos trabalham em uma cadeia, em efeito dominó, nossas ações geram ou não um exemplo, e de qualquer forma, sendo positivo ou negativo somos responsáveis por mudanças, inclusive dos outros.

Mas de tudo isso, o que mais me dói e a síndrome de herói (ainda não elencada no CID-10). E vejo que a culpa disso é minha. Eu sou o culpado por ser herói, ninguém é super-homem se não puser a capa, ninguém é super-herói se não entrar no bat-móvel, se não morfar! O fato de sermos heróis é escolha nossa, e como qualquer crise destes mitos salvadores, chega uma hora que isso enche o saco, mas me parece um caminho sem volta.

Nunca atrelei contos hollywoodianos a minha vida, mas vejo que existe algum ponto em comum, acho que de toda essa ficção cinematográfica a única diferença é que ainda não escalamos prédios e soltamos teias pelas mãos, e confesso: isso faz as coisas um pouco mais difíceis.

As crises de ser um messias não vão passar, e parecem ser necessárias para que entendamos um pouco mais sobre responsabilidade, a tal “responsa” é uma relação bilateral, e já que temos que salvar o mundo, que seja feito da melhor forma: podemos até nos dar ao luxo de sofrermos, de gritarmos alto, e de xingar nossas responsabilidades, mas não podemos jamais retroceder, se somos super-heróis que façamos com louvor, fujamos da criptonita.

Vivendo só entendo que nossas vidas podem até não ser uma “comédia-romântica-água-com-açúcar”, mas certamente não passa longe de ser um enredo de Stan Lee.

Ah... e não deixe sua namorada acreditar que um dia você poderá dar um beijo nela de ponta cabeça... Hoje em dia a fidelidade é o maior ato de heroismo!!!

Paz...