quarta-feira, 31 de março de 2010

Recesso merecido

A La telemarketing: estarei acampando neste feriado, viajo amanhã e voltarei na segunda-feira pós-feriado, agradeço a visita dos néticos, enquanto isso estarei no campo. Serão dias de inspiração! Obrigado e volte sempre!
Segunda, novos textos!
Ao meu maior prestigiador: Marcelão beba com moderação, deixe um pouco de fígado para os próximos feriados!

Abraços a todos,

Davi e Bell Planta

terça-feira, 30 de março de 2010

Aos amigos: homenagem mais que justa

Procrastinei este texto, mas não deu mais, bateu aquela agulhadinha no peito, tive algumas coincidências nestes últimos dias, e tais foram bastante suficientes para me respaldar com conteúdo para dissertar.

Falar sobre amigos. Estou certo de que não existe relacionamento mais sublime que amizade, quando afirmo isso me coloco como dono da verdade, e reafirmo: nada se compara ao valor de uma amizade. Talvez indague você sobre amor materno, paterno e tantos outros de nossa família. Posso posicionar-me de duas formas: eles têm obrigação genética de nos amar, isso é natureza, seus projetos são arquitetados para desenvolver por nós afetividade, por outro lado, posso também conceber a ideia que antes de sua mãe, pai e irmão te amarem, eles se veem como amigo teu. Isto torna este exercício ainda mais fácil.

Para meus “blogados” de plantão, tenho evidenciado que construir uma vida distante tem sido uma tarefa no mínimo sufocante, e diante de distâncias, perdas e possíveis perdas temos por preceito humano a capacidade intrínseca de valorizar gestos pequenos e lembrar-nos, não sem saudade, de pessoas que deixaram alguma tatuagem  bem desenhada em nossas vidas, por menos que seja a ação, muitas vezes nem com doces palavras e sim com um fel para acordar. Pessoas que em meio a tribulações fizeram de apenas um ombro mudo, um consolo, conselho sábio e paterno.

Se tentássemos, por mais esforço que façamos, não conseguiríamos elencar quais foram os presidentes que votamos, ou mesmo os deputados em quem confiamos. Ainda que nos empenhássemos em relembrar de todas nossas paixões: platônicas, possíveis, impossíveis, imaginárias, professoras e fetiches, não conseguiríamos, visto que sem sombra de dúvidas pequenas e não menos importantes situações, quaisquer dessas bobas, fazem-nos lembrar de pessoas que souberam nos aceitar e se divertir. E o mais duro, muitas vezes essas fiéis pessoas foram trocadas pelas paixões que o tempo fez questão de apagar. Mas amigo espera, até chama de canalha e frouxo, mas perdoa. É assim: amigo é ser pai, mãe, irmão, cozinheiro, cupido, motorista, psicólogo, cobaia, banco de empréstimo sem juros, enfermeiro, cão, parceiro de lesca, cúmplice na cola, cúmplice na conquista, cúmplice na mentira, cúmplice na vida!

Muitas vezes batemos cabeça, inconformados com os erros dos nossos amigos e ficamos ainda mais estarrecidos e perplexos se esse erro é conosco. Juramos a Deus, ao mundo e ao nosso cachorro que nunca mais os perdoaríamos, que nunca mais sequer pronunciaríamos o nome do mau caráter. Ah, doce ilusão. Amigo é a extensão de Deus na terra para que entendamos o verdadeiro significado de amar. Nossos amigos nos antecipam em teor bondoso o que o mundo nos ofertará na maldade. Basta um telefonema, uma mensagem off line, um torpedo, um e-mail ou um scrap para você abrir um sorriso nos lábios, xingar ele em pensamento e amá-lo mais do que ontem e menos do que amanhã. Nossos amigos têm o dom de nos fazer perdoar sem guardar nenhum rancor, e certamente quando alguma falha é lembrada por algum deles, tenha certeza, é pra tirar um sarro e sacanear.

Mentalmente fiz um rol de meus amigos, e creia, esbocei um sorriso no rosto, lembrei-me de situações engraçadas, vexatórias, lembrei que cada um de meus amigos me fez construir minha vida, e são eternizados em mim, como pessoas malucas, insanas e inteligentes, mas que com seus brilhos únicos puderam extrair o meu brilho.

Ri. Chorei. Ri e chorei! Mesmo distantes, mesmo ausentes pessoalmente, mesmo sem poder rir de fatos novos, sei que se existe algo nesta terra que não podem tirar de mim, é saber que tenho pessoas que torcem por mim, oram por mim, choram por mim, riem por e de mim, têm saudades de mim, e também torcem para eu ficar rico, querem me chupinar, bando de interesseiros, risos. Esses amigos, sim, são a razão para eu ser melhor, porque eles me fazem crer que ainda há gente boa neste mundo. Não são perfeitos, longe disso, e quer saber de algo? Esta imperfeição que dá o tempero para cada um de nós. Amigo, você é único e especial.

Um conselho? Mande um torpedo ou um e-mail para um amigo teu. Sei lá, escreva uma carta. Com certeza isso vai trazer a ele alento ao coração, um sorriso no rosto e um insulto carinhoso a você! Imagine a cena assim que ler o torpedo: “aquele vagabundo sem vergonha falando merda”, traduzindo para a linguagem verdadeira: “Esse amigo, vale mais que um irmão!”

“Em todo tempo ama o amigo, na angústia se faz um irmão.” Salomão

“Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.” Saint-Exupèry

Saudade em especial do meu amigo Alex. No msn não é a mesma coisa. A reação química de nossos venenos é melhor pessoalmente!

segunda-feira, 29 de março de 2010

P R O T E S T O

Depois de um pequeno recesso, volto à ativa, já lembrando que essa semana é mais curta. Vou acampar. Ovos de chocolate devem ser endereçados a mim até amanhã, para dar tempo de chegar em casa no domingo. Quanto a me agradar, não é difícil, gosto inclusive do chocolate hidrogenado (peixinho de chocolate ou guarda-chuvinha, delícia).

Começo a semana feliz, minha cabeça está à mil, tenho muitas idéias para alguns textos, e vou começar com um protesto, segunda é dia de protesto, nada como um “bom” mau humor para falarmos mal e protestarmos.

Sei que muitos hábitos são gerados, muitas manias, muitas “ondas” passam por nossa vida, e marcam algumas gerações. Mas esta não tem jeito, se você olha pro futebol, ela está lá, olha em qualquer programa de TV, está lá, desde o pior programa dominical ao meu favorito CQC, quando você menos espera, uma súbita raiva sobe pela sua espinha, e é capaz de arrepiar de ódio até o cabelo mais pixaim.

Achando estar isento, eu vejo meninas universitárias estúpidas que apaixonadas pelo professor, se manifestam dessa forma!

Chega!!! Chega!!!

Não agüento mais, sim, você já deve suspeitar do que eu digo: aquele maldito coração feito com as duas mãos. Quem inventou isso deveria ter as duas arrancadas, ou melhor, cortadas com aquelas faquinhas de plástico que vem com o marmitex. Isso, serrar, serrar, até terem as duas mãos arrancadas, pra pensar com carinho antes de executar eventual idéia infame.

Sabe, eu acho que o cérebro foi trocado pelo coraçãozinho na mão, as pessoas se comunicam assim agora, é muito engraçado a força desse símbolo, teoricamente ele quer mostrar que existem sentimentos, que as pessoas são amadas, e que temos as melhores emoções para demonstrar, é isso que eu leio, uma tentativa ridícula de falar que temos apreço pelas pessoas vítimas do coraçãozinho. E isso me deixa levantar algo engraçado, 90% dos nossos bons sentimentos não são contados às pessoas, já notou? Notou que a pessoa que você mais ama, é a pessoa que menos sabe isso de você? Notou que a última vez que você falou com uma pessoa importante pra você, você sequer soltou um elogio que impressionasse ela? Mas o coraçãozinho já está mais ensaiado que um "jóia" ou "um vai tomar no c*" monodedo. É, nunca fomos bom com prioridades, envolvemos muitas coisas em nossas vidas sem raciocinar e valorar.

O mais doído não é você fazer coração, e também não acho tanto que alguns vícios ridículos não devam permear nossas rotinas, não mesmo, só acho que temos tomar cuidado com os clichês, e não é só o coraçãozinho que me dá ódio não, jargões como: “Ninguém merece”, “Adooooro” entre outros. Meu estômago revira, e como eu me amo muito, e não quero ficar com meu estômago revirando, levanto nessa hora a minha campanha:

“Queremos que os praticantes de coraçãozinho sejam manetas!”

Chega com essa mania, basta de ser ridículo, eu quero ser poupado da vergonha alheia, não agüento mais ser humilhado pelo meu bom senso quando vejo o coraçãozinho!

Paz! Adotem a campanha comigo! Por favor, me dêem uma mãozinha!!! (trocadilho péssimo)

quinta-feira, 25 de março de 2010

Gotas, gotas, gotas...

Hoje o dia não está muito contente aqui em São Paulo, deve ser alguma reação ao júri de Nardoni e Jatobá. Convenhamos, Jatobá é nome de culpada não? Alguém já comeu ou apenas cheirou um jatobá? Bom, vamos aguardar, apesar de achar que o casal entrou em campo com jogo perdido, a vida é uma caixinha de surpresa.



Tenho me atentado a pequenos detalhes, eles são bastante dispostos a nos ensinar grandes lições. E como já palestrei aos jovens de minha igreja, atenção aos pequenos detalhes é sinal de sabedoria, pois revelam coisas futuras. Enfim, hoje assisti a segunda aula de Técnica de Estudo, aquela que me incentivou a dormir mais cedo e me fez procrastinar algumas necessidades fisiológicas... (na dúvida clique aqui)



Passei no Departamento Acadêmico da Faculdade, conversei com um pessoal, li um artigo sobre o Estado Laico e perdi uma partida no truco, ao sair de lá, um amigo de classe meu e eu fomos surpreendidos por um princípio de chuva, que rapidamente resolveu enfurecer, não deixando escolha para nós a não ser regressar ao Mack e enfiar as caras nos livros na Biblioteca. Li a revista Veja sobre o Daime, interessante, já tinha buscado algo no Google, e definitivamente vejo que cada dia mais as pessoas precisam de espiritualidades forjadas para fugir da realidade. Viver racionalmente não é pra qualquer um, por isso criamos mitos, assunto relevante para um futuro texto.



Próximo das 16h resolvemos, Evander e eu, ir embora, mesmo embaixo de uma pequena chuva, afinal o temporal já havia passado e protelar mais alguns minutos para voltar seria praticamente um ato suicida (horário de pico no metrô), passando pela Rua Maria Antonia, meu amigo comprou um guarda-chuva, uma grande guarda-chuva, dividimos este abrigo até a estação, e nesse caminho fui inspirado. Todos sabem que dividir guarda-chuva é uma saga épica, um há de se molhar, enquanto outro usufrui do lugar seco. Questionei algo: a insatisfação em ser levemente molhado usando um guarda-chuva é muito maior do que quando estamos literalmente tomando chuva, nos molhando inteiramente. Certa vez li sobre uma tortura nazista que consistia em usar o pingo d’água na testa para deixar louco o torturado.



Talvez isso queira nos dizer algo: comprometimento. Até que ponto estamos entretidos em nossas aspirações? Davi, discorra melhor essa analogia.


– Ok!



Quando tivermos a intenção de trazer algo novo em nossas vidas, seja mudança, seja relacionamento, seja estudo, seja profissão, seja o que for, faça da melhor forma possível. Não permita que haja imperfeições, não se dê o direito a pequenas tréguas. Olhe, arquitete, sonhe e execute com louvor, tenha tesão e seja apaixonado, porque um pequeno desdém pode gerar algumas gotas, que expressarão certa atitude aquém do seu projeto, que podem mesmo em doses homeopáticas te fazer infeliz e insatisfeito, não permita que haja furos no seu guarda-chuva e nunca saia debaixo dele, e se for dividi-lo, certifique-se que ele é do tamanho da necessidade de ambos.



Falhar deve ser acidente de percurso, as gotas que te umedecem são as responsáveis por retrocessos no projetos, mas por outro lado, são elas tão pequenas que tornam-se fáceis de consertar. O projeto é teu, e a manutenção dele, mais ainda.

quarta-feira, 24 de março de 2010

Agradeço ao comparecimento de todos aqui no meu blog, e deixando meu egoísmo de lado, no nosso blog.
Eu e Bell (planta) estamos muito contentes!

Amanhã chegaremos nos 500 acessos, sei que é meio fraudado esse contador, mas dá uma noção!

Valeu gente!

O mal não é mau?

Estava voltando para casa e ouvi algo de um rapaz que me deixou intrigado, e diante da possibilidade de estar ao lado de um possível ou aspirante a psicopata. Bom, psicopata é psicopata e não treina pra isso, é congênito, mas senti certo affair desse rapaz pela leviandade. Este jovem estava conversando com uma garota e soltou a máxima: “gostaria de ser mais filho da p*, eu me apego demais, eu gostaria de no outro dia falar para a garota esquecer de mim, que aquilo foi só diversão!” Deve ter passado por uma decepção horrenda, o que não justifica em nada o vil pensamento.

Parei, fiquei levemente chocado, olhei de soslaio: um rapazinho meio marombadinho candidato a anão, nesse momento meu eu argumentador e colunista veio à tona, levantei ,então, em pensamentos, questões que podem ser correlacionadas com esse axíoma medíocre: “gostaria de ser ladrão, mas infelizmente só consigo ser honesto” ou ainda “gostaria de ser serial killer, mas fui ensinado a amar as pessoas”. Impressão minha ou valores estão sendo completamente distorcidos? Espera, pára tudo, impressão minha ou Satan Goss é mais admirado que o Jaspion? Coração Gelado ou Ursinhos Carinhosos? Quase-nada ou Chapolin? Homem-aranha ou Duende Verde? Elis ou Rebolation? Hei??? Juro que depois desse absurdo que ouvi esperei que alguém num beliscão me acordasse. Incontestavelmente estava num mundo completamente lúcido, ACORDADO!

Não sou tão velho, sei que muitos amigos meus já estão casando, mas dizem que a evidência da velhice é morte dos amigos, então tenho chão ainda. Impossível que bondade seja algo retrógrado, inadmissível supor que compadecer de sentimentos que não são seus seja algo ultrapassado, inaceitável que o altruísmo seja renegado! Não, não posso me conformar, minha proposta inicial para esse blog era justamente me exorcizar de sentimentos egoístas, vejo nessa hora, que de egoísta eu passo longe, acredito que esteja precisando de aulas, pensar somente em mim até que não é tão oneroso, mas fazer o mal de forma consciente? Premeditar o mal, articular, querer ter o título de filho da p*? Hã? Quando começou essa corrente? De quem é a culpa? Alguém tem que arcar com isso, alguém tem que abraçar seu filho, e garanto que esse descendente ninguém terá vergonha de matar, acredito que a vergonha será em assumir.

Muitas vezes não sabemos do que nossas ações são capazes de espelhar, não acreditamos que somos vigiados e querendo ou não pessoas nos usam como referência. Sei que sua vida imunda, fétida e nauseabunda faz-te crer que ninguém jamais te usaria como exemplo, infelizmente, querido, geramos admiração e ódio, e ambos são “colados”, e ainda é notório salientar que pequenas e vis atitudes têm movimento gradativo. O monstro de hoje é a minúscula falha de ontem.

Reclamamos de nossos governantes, mas em menores proporções fazemos o mesmo. É o espelho de nossos desejos, meu único arrependimento foi não ter jogado aquele garoto nos trilhos do metrô, assim acabaria com uma geração de filhos das p* em potencial, se ele não conseguiu ser um, seu filho realizará seu sonho incubado.

Creia, somos monitorados, e copiados!

terça-feira, 23 de março de 2010

Solidão egoísta

Eu me sinto só.

Já falei muito sobre solidão em alguns pequenos grupos de crescimento que tinha na minha antiga igreja, acho que hoje posso falar com mais propriedade, creio ter know-how por questão de amadurecimento e sofrimento na pele. O dicionário Aurélio define solidão com bastante pertinência, redijo o que me chamou atenção: “estado do que se encontra ou vive só; isolamento”, outra definição: “situação ou sensação de quem vive isolado numa comunidade”. O primeiro é um conceito geral, já o segundo nos chama mais atenção pela dúvida que nos incita: como posso viver sozinho em uma comunidade? Quando questiono o “como”, não pergunto por sua forma de atuação e sim pela disposição da pessoa, que num leque imenso de relacionamentos consegue ainda assim sentir-se só.

Acredito que o fato de sentir-se só é um defeito apenas do solitário e não das companhias em potencial. E quando digo isso, coloco-me como exemplo a não ser seguido, especificamente eu espero de pessoas condutas e vontades que são pertinentes a minha pessoa. Vejo-me como alguém que tem dificuldade em relacionar-me simplesmente pelo fato dos outros não serem como eu acho certo que o sejam.

Quanto egoísmo e petulância, quanta pretensão querer rotular pessoas, traçar personalidades para que atendam anseios pessoais, mas fale-me, impossível que isso seja unicamente meu. Quantas vezes queremos que pessoas mudem, mudem ações, amem-nos da forma que queremos ser amados e não nos preocupamos se isso gera algo incômodo à elas. A culpa da solidão está totalmente vinculada a nossa falta de compreensão. Acostumamos tanto com nosso eu, com nossas necessidades, com nossas preocupações pessoais, e esquecemos que a base de qualquer relacionamento é cumplicidade.

Acredito sim que pessoas devem mudar, acredito sim que muitas coisas minhas devem ser mudadas e ainda acredito que muitas coisas nesse mundo também devem ser mudadas. Mas algo deve ser pensado com mais cuidado, o que deve ser mudado não é necessariamente o que não gostamos, o que deve ser mudado é apenas o que é errado! Creiam, existem coisas boas, e aos montes, que não nos agradam. Somos tão egoístas a ponto de querermos muitas vezes que pessoas boas tornem-se mais ríspidas justamente para satisfazer um capricho pessoal. Tamanha besteira! É mais do que justo que nos sintamos sozinhos, rejeitados e renegados, não temos problemas em negociar bons princípios para atender aos nossos “pitis” narcisistas.

Relacionar nunca foi uma arte executada com louvor por nenhum de nós. Tantas brigas explicam, tantas guerras evidenciam, ser diplomata é algo para poucos. E enquanto acreditarmos que a fórmula de bons relacionamentos encontram-se em nosso umbigo, nos sentiremos sozinhos porque relacionar-se consigo mesmo tem tempo determinado. Idéias diferentes são saudáveis, pessoas diferentes: nisso há beleza. E se isso dói no seu conceito egoísta, relacionar-se com pessoas diferentes só te mostrará que você é único. Para um egoísta, nada como o refrigério de ser único! Viva sem moderação! Enquanto não aceitarmos que as pessoas têm princípios próprios e diversos aos nossos, nem o Maracanã lotado e nem a companhia mais sonhada numa linda de noite de luar deixará de te fazer uma pessoa solitária.




ps: falando em solidão, me vi na necessidade de ter algo vivo junto comigo, não posso ter nem um cachorro nem um gato, comprei então uma planta carnívora, a batizei de Bell*. Se tiverem algumas moscas, mandem pra mim, entregarei pessoalmente à Bell. Acredito que acertei na escolha, planta carnívora diz muito sobre mim.
*nome da minha mãe, homenagem amorosa, estranha, mas amorosa.

segunda-feira, 22 de março de 2010

Vergonha alheia: questão de bom senso

(este texto foi escrito domingo, 21/03 e postado na segunda, 22/03)

Ontem foi um dia atípico, sábado e pela primeira vez em muito tempo, a noite eu fiquei enclausurado em casa, estou em São Paulo, e digamos que a locomoção aqui é um pouco mais complicada, mas posso certificar que é muito mais divertida, fato este que comentarei mais abaixo. Decidi voltar a jogar vôlei por minha faculdade, fui ao primeiro treino ontem, definitivamente as coisas são mais fáceis quando temos alguns quilos a menos, o que fez convencer-me de que isso tem certa urgência. Mas deixemos assuntos traumáticos para outro momento, hoje é domingo, dia de relaxar e ler algo mais divertido.


Fui ao treino que se iniciou às 14h, batemos uma bola não tão a sério já que era um dia pós-ressaca para os outros jogadores (teve uma festa do Mack ontem), passado esse torturante e prazeroso tempo fui embora, passei no Pão de Açúcar, comprei uma água mineral e desci até a estação Santa Cecília, eu tenho um imã particular para metrôs darem problema, assim que cheguei à plataforma anunciaram que os trens estariam com dificuldade e demorariam um pouco, o triplo do habitual, sentei-me então cheirando a futebol, e inundado pelo meu próprio suor que revelava um homem cansado (entenda-se sedentário). Aguardei alguns trens na vã esperança de dar uma esvaziada e não precisar compartilhar meu exalar de atleta, não esvaziou, mas amenizou, e entendi que aquela espera tinha um propósito, e pra variar um propósito cômico.


Estava eu em pé, escorado na parede que dá pra cabine do maquinista, vagão este que geralmente os deficientes físicos usam, não me caracterizo um deficiente físico, mas na situação pós-treino, o meu reflexo era tão bom quanto de um cadeirante, apareceu então em uma das estações um rapaz com a perna machucada, e com uma muleta, tinha junto consigo outra muleta também: sua namorada. Até então, nada me chamou atenção, quer dizer, quase nada, a muleta humana usava dois coques no cabelo, um em cada extremidade da cabeça, ri internamente, mas o hilário estava por vir, com todo seu charme e seu penteado a La Jassa, ela agarrou seu namorado e sem constrangimento algum começou a cantar uma música de Sandy no pé do seu ouvido, porém em tom suficiente audível para mim, tentei, juro que tentei, mas não deu, soltei uma risada que chamou atenção do vagão todo, exceto do casal apaixonado, não achem a atitude dela pouco ousada nem a minha de um paspalhão que ri à toa, até desconsiderei sua falta de afinação, mas não consegui me conter em ouvir “era uma vez, um lugarzinho no meio do nada, com sabor de chocolate...” cantado em voz de bebê, que ficava mais ou menos assim: "ela uma veiz um lugaizinho nu meio du nada, com saboi de chocoiate..". Todos nós sabemos como uma mãe fala com um gatinho, ou quando alguém imita uma criança pra fazer um dengo, desse jeito, ela cantava assim ao pé do ouvido do rapaz.


Dizem que depois de um ataque de riso, sempre vem um pesar. Uma idéia como depois de uma tempestade sempre vem uma bonança e coisas do gênero. Identifiquei que sempre depois da minha diversão em virtude de gafes de terceiros bate aquele sentimento maléfico: vergonha alheia. Conhece? Segundo eu mesmo só pessoas de bom senso têm esse dom, dom martirizante, mas dom. Se não sabe do que falo, é porque você é mais egoísta que eu, seu caso é praticamente incurável, agora se sabe, é hora de entender meu desabafo. Eu tenho vergonha pelos outros, sim, confesso, e o pior, acho que por muitas vezes, e não são poucas, sinto mais vergonha do que o maldito que deveria sentir. Meu caso é tão grave que chego a ver TV e sentir vergonha pelo indivíduo ridículo que sequer sabe que existo, a ponto de ter que trocar de canal. Tenho vergonha de perguntas imbecis desferidas em momentos impróprios, tenho vergonha de atitudes bestas e meu rosto ruboriza quando alguém leva um baita tombo na rua, muitas vezes dou pequenas risadas, mas a vergonha ainda é maior. Por que será que alguns têm isso? Será apenas nosso bom senso? Será uma transposição pessoal? Uau, acho que estou me curando, me pondo no lugar de outras pessoas! Definitivamente este divã surte efeito.


Só sei que mesmo que minha vergonha alheia seja de fato uma terceirização, tenham certeza que em momento algum eu gostaria de estar na pele da pseudo-cantora Sandy do Metrô, ao me esquivar da situação fui mais para o meio do vagão, foi quando alguém me pegou de leve pela cintura, pensei comigo, mal comecei a treinar e já estão me cobiçando, quando olhei para trás, uma senhora de seus cento e cinqüenta anos e com a menor possibilidade de ter qualquer pretensão libidinosa me usava como um suporte para não levantar um tombo. Cheguei à conclusão que o treino me emagreceu mesmo, afinal não é todo dia que sou confundido com um cano de segurança.


Se sábado foi atípico, domingo também não ficou aquém. Ainda hoje postarei algo sobre “Solidão”, já em concepção.


Paz.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Uma bufinha não faz mal

Comecei ontem a fazer uma matéria extracurricular, Técnicas de Estudo, achei bastante interessante, deu algumas dicas de como termos êxito nas rotinas de estudo, um pouco utópico pra quem além de estudar tem que sobreviver, porém ouvi tudo e retive o que foi bom, que não foram poucas coisas, mas a linha que separa a teoria da prática não é nada fina, é equivalente as vontades de mudanças, que rotineiramente não são das melhores, enfim, afoito para executar algo novo em minha vida, decidi ouvir um dos inúmeros conselhos do professor, e resolvi dormir mais cedo, dissertava o docente que uma vida para estudantes deve ser regada a sonos saudáveis.

Na ânsia de mudança de hábitos acadêmicos, fui então mais cedo para cama, quando digo mais cedo quero dizer que não deu tempo nem de ver a Luciana e o Miguel, eu sei que isso é dolorido, mas custou-me caro, “grandes responsabilidades exigem grandes sacrifícios” já diria Ben Parker (tio do homem aranha), e outra, Manoel Carlos nunca foi inspiração para mim, mas algo mais específico sobre ele fica para outro dia. Fui dormir cedo, perto das 21h. Com meus restritos conhecimentos sobre a ciência do sono, achei que isso seria bastante benéfico, doce ilusão.

Ajeitei minhas coisas, guardei meu notebook, enchi minhas garrafinhas de água, as coloquei na geladeira, arrumei meu material, o coloquei na minha bolsa transversal, fiz todo um ritual noturno que inclui dois ou três sudokus, a leitura de algum livro paralelo ao meu campo de estudo, outro hábito que o professor pediu que administremos com prudência, então li menos, li a bíblia, orei e fechei meus olhos ao som leve de Legião Urbana (não vou falar a música, senão vocês não acreditariam), dormi. Não tenho sono leve, não mesmo, tanto que minha mãe falava que se alguns ladrões entrassem em casa na hora em que eu estivesse dormindo, eles levariam a cama, e eu não perceberia. Em off: tem vezes que finjo dormir para não atender o telefone ou para ouvir a conversa dos meus pais.

No meio da noite, acordei algumas vezes, sonhei muito e sonhar a noite cansa. Sei que nessa história, eram 4h e eu estava estalado, minha cota-sono parecia ter acabado, levantei, bebi uma das minhas águas e sem o que fazer voltei à cama na esperança de reencontrar com meu objeto de mudança de vida acadêmica: meu sono. Dormi novamente, assumo, não com muito custo, acordei com 30 minutos de atraso, com uma dor de cabeça daquelas que te acusam: Você dormiu demais, enquanto me trocava amaldiçoei até a sétima geração do meu professor, que no mínimo estava acordado, se preparando para mandar mais alunos dormirem cedo. Peguei minha bolsa, fui até o ponto de ônibus, titubeei, e por algo inacreditável, queria dormir mais, desci de joelhos a ladeira para ir até o ônibus, fazendo o seguinte pedido: “que tenha um lugar pra eu sentar no ônibus, assim posso dormir no caminho até o metrô”. Em uníssono: DOCE ILUSÃO. Tive então mais um aprendizado: pagar a promessa só depois dela cumprida, se bem que tenho uma “ladeirada” de joelho em crédito.

A saga matinal começa... Saga Matinal! Poderia ser nome de cereal. Bom, começa, eu lutando contra um dos maiores adversários, o sono, ele estava demasiado fortalecido, depois do percurso de ônibus fui ao metrô, creio eu que algum anjo lembrou-se do meu crédito celestial, e deixou que eu esperasse apenas três trens para embarcar, mas a minha “ladeirada” não deve ter sido muito boa, fui “cochado” da estação Carrão até a Sé, mas no meio disso minha fisiologia me fez lembrar que nem tudo havia sido feito devido a correria. Levemente algumas pontadinhas vieram à tona, alguns gases metanos resolveram dizer oi. Foi aí que me achei sábio: estamos no maior misto de pessoas: inúmeras cores, jeitos e cheiros. Cheiros... resolvi então soltar uma bufinha inocente. Puff... Armei um sorriso maroto, e num intervalo pequeno soltei mais umas duas, mas nem todas as nossas idéias são tão inovadoras assim: aquela bufa não era minha, e bufa é como filho, é a cara do pai, eu a conheço! Rapidamente um movimento estatístico: 1. Alguém leu minha mente e quis me sacanear, mas seria impossível descobrir, Mãe Dinah??? Não... Havia mais sorrisos marotos armados, e olhar para todos era humanamente impossível se até para levantar a mão precisa pedir licença, imagine para fazer uma pesquisa. 2. Alguém teve a mesma maldita idéia que eu, na multidão de odores, um a mais não faria diferença, o maldito deve ter assistido a mesma aula que eu, e estava do meu lado, ou muito podre. 3. Não conheço mais meu filho! Isso é o mais dolorido, como poderia conviver sem conhecer minha bufinha? E se não a conhecesse eu não iria ter um leve prazer ao senti-la... Não seja hipócrita, temos um affair com nossas bufinhas.

Hoje tive uma lição, aprendi valiosas coisas: sempre nossas melhores idéias já foram pensadas, e a possibilidade delas serem mostradas para você será sempre na ocasião que você quiser mostrar para todos. É, aprendi também que as bufas devem ser mais pessoais e que nem tudo que seu professor fala deve ser levado a sério, repense, afinal, são 19h e ainda estou morrendo de sono. Maldito sono!!!

quarta-feira, 17 de março de 2010

Se gostar diariamente: nem o papa

Eu enjôo de mim, tem dia que é assim, tem noite que é assim, tem tarde que é assim, têm semanas que são assim... E quem não enjoa de si mesmo? Existem dias que sequer queremos encarar o espelho, acordar é um caos, não pela preguiça já dissertada por este blog, mas simplesmente por saber que vamos encontrar a nós mesmos. Esse encontro pode ser procrastinado, adiado e quando não até rolar uma fuguinha, mas inevitavelmente cedo ou tarde teremos que encontrar conosco novamente. Doce ilusão achar que nosso próprio encontro pode ser protelado, só aumenta a repulsa de quando vier acontecer. Agora meditemos em algo: pra que o martírio pessoal e eventual de nos sermos a nós mesmos?

Não somos sinceros conosco, certa vez li que diariamente contamos um mundaréu de mentiras, particularmente não tenho muita facilidade em mentir, mas fatalmente algumas escapam, geralmente para sermos aprovado, mas o que me levou a pensar sobre mentiras foi um decorrer do dia em que resolvi entender a mentira estatisticamente, e percebi que o maior agente receptivo de nossas “inverdades” somos nós mesmos. Atordoante, mas a maioria de nosso discurso falso é enviado a nós mesmos e muitas vezes não necessariamente no plano falado.

É medonho se encarar, é atordoante ser a gente mesmo, muitas vezes nossas mentiras chegam a ser tão reais que nós mesmos acreditamos nelas, somos ludibriados por nossos próprios golpes. Sei que existem pessoas que não acreditam em doutrina, e necessitam de provas empíricas, ok! Existem pessoas que notoriamente tem um destaque financeiro maior (no meu caso, a maioria) e para não parecer alheio ao caviar arrotado, acredita que tem o mesmo potencial, sabe do que falo.

Já notou que quando algo é falado sobre nós, que nos desmereça, mesmo que seja insignificante, rapidamente temos o cuidado de remediar? Mas, se algo que nos engrandeça e que seja inverídico, a gente não tem preocupação em alterar. A mentira está nos dois casos. Não temos preocupação com a veracidade, temos preocupação com o status. Nossa preocupação é saber o que vão pensar de nós, isso é o nosso tiro no pé, isso explica de forma tão clara como o sol do meio-dia o porquê de sazonalmente termos asca de nós mesmos, vivemos num mudo paralelo, montamos nosso conto de fada particular e não medimos conseqüências, mas a vida cobra, o bom senso escondido em algum lugar suspira, e nesses dias a gente não se suporta, a realidade é insuportável.

Não querendo refrescar, mas cá comigo, mesmo em dias de trevas, dias tensos e densos, ninguém teria coragem de ser outra pessoa, ninguém tem coragem de abrir mão dessa insanidade de sermos nós mesmos. Você a priori deve estar discordando, já refuto, você até gostaria de trocar de situação: ser rico como, bonito como, saudável como, mas ser outra pessoa, isso não, temos desejos de mudança pelo nosso egoísmo (este mesmo sentimento que você acredita estar isento), gostaríamos de mudança de lugar e não de pessoa.

A vida é não é um lugar fácil de viver, e pasmem, nossos mais perigosos inimigos somos nós mesmos no reflexo de nosso egoísmo e cobiça, odiar-se e enojar-se diariamente pode parecer algo repudiável, discordo, pode ser o sintoma de auto-mentiras, sim, fato. Mas isso nos faz movimentar, nosso egoísmo é a causa de nosso engrandecimento e ascensão. Não se engane, egoísmo é como colesterol, tem o bom e o mau, qualquer ferramenta em nossas mãos pode ser uma máquina mortífera ou a oportunidade de fazer uma futuro mais próspero. Minta pra você, enoje-se de você, só tenha o cuidado de cultivar uma grande virtude: a de fazer suas fraquezas ferramentas e oportunidades para melhores mudanças, afinal, nossas deformidades serão eternas, e naturalmente não querer ser você será um exercício mais freqüente do que imagina.

Em dias de enjôo pessoal, leia-se oportunidade de mudança.

Elis

Hoje, 17 de Março, ao som de Elis Regina no Montreux Festival Jazz, faço minha homenagem à ela: completaria nesta data 65 anos. Definitivamente, faz falta. Não posso dizer sobre saudade, já que nasci depois de sua morte, mas tenho certeza de algo: ela faria da nossa música algo mais agradável, entendeu Rebolation? Que aprendamos com Elis: no dia em que viermos a faltar, que deixemos saudades! Clique aqui para ver sua trajetória.

Baixe o CD acima mencionado. Selo de garantia egoísta! Obra póstuma, ela não gostou da sua performance, não quis que fizessem o CD, ainda bem que não respeitaram, o show foi aplaudido durante onze minutos seguidos. Participação de Hermeto Paschoal.


Clique aqui para baixar.

terça-feira, 16 de março de 2010

A mágica das lembranças

Ontem estive falando com minha mãe por msn, falávamos justamente sobre a confecção deste blog, e nos divertimos a beça lembrando de possíveis casos que poderiam ser relatados por aqui, não quero ser saudosista, longe de mim, é que fatos divertidos passam por nossas vidas, e catalogá-los seria uma atitude nobre, será que nostalgia faz de nós pessoas retrógradas? Olhar para trás pode ser dolorido, ou demasiadamente delicioso.

Ser nostálgico é saber quem é, é ter identidade, fato é que deve ter uma linha de coesão, nada que é por excesso ou por escassez tem cunho saudável. Sabemos disso, mas em tese não entendemos, quem nunca se rendeu a prazeres alucinantes e inconsequentes? Sim, quantas noites sem dormir, quantas provas feitas sem estudar, quantas baladas pré-trabalho, quantos momentos de lucidez negociados por prazeres momentâneos. Não que devamos nos arrepender, certamente esses atos imprudentes fazem parte de um processo natural de emancipação, mas tomar a linha é preciso, e momentos extraordinários de insanidade devem ser levados à lembrança, lugar de onde jamais deve sair.

Falando em ter uma linha tênue, hoje algo me chamou a atenção, sempre tive uma capacidade alta de captação, meus radares são ligados 24 horas, depois deste blog, minha percepção ficou mais aguçada ainda, e fico em todo momento aguardando algum comportamento para poder dissertar. No meu almoço, ouvi o papo de três jovens, praticamente da minha idade, falando sobre alguns de seus comportamentos. O único rapaz na mesa, pelo seu modo de sentar já demonstrava certo desdém com a vida e com as pessoas, tenho aprendido a ler mensagens corporais, muitas vezes elas falam mais alto que nossas palavras, esse jovem falava com as outras duas meninas sobre sua noite, contando a quantidade de whiskys, como foi difícil a saga de dirigir alcoolizado ao voltar para casa, e que inclusive depois de horas de sono, ainda assim acordou bêbado. Tentei valorar isso, fiz um exercício de terceirização e tentei achar em minha vida e em minhas amizades um motivo para me engrandecer diante de tamanha irresponsabilidade... Exercício em vão, não achei valor nisso, e o mais interessante, sequer rende uma boa história para uma mesa, estou ficando velho precocemente ou ser inconsequente perigoso é uma virtude?

Temos que nos dar ao luxo de fazermos coisas diferentes, temos que nos permitir aventuras, loucuras, devaneios, fugas do mundo real... Sim, isso é perfeito, isso é humano, deve ser parte inegociável de nossa vida, mas nossas extravagâncias devem ser respaldadas por bom senso. Eu como estudante de direito tenho uma premissa estampando em meu intelecto: “o meu direito acaba onde começa o do outro”, seja doido, saia da realidade, voe! Mas que isso gere ônus apenas a você.

Existirão momentos em nossas vidas em que olharemos para trás, existirá hora em que nos arrependeremos de termos nascido, e existirão ocasiões em que entregaríamos nosso bem mais precioso para podermos termos novamente pessoas, situações e lugares mesmo que por pequenos, mas valiosos segundos. Essa é a beleza da vida: se arrepender do que fez, mas ter a pontinha de saber que esse arrependimento não passa de um moralismo adquirido com o tempo e com as responsabilidades.

Viver é real, não deve ser resumido à apenas vontades, faça tudo o que tiver vontade, como tudo o que agüentar, vá aonde você mais quer, gaste o tanto quanto você tem... Não quero tirar o doce da criança, indubitavelmente alguém terá que pagar a conta. Será que tudo vale a pena? Fernando Pessoa responderia prontamente: “Tudo vale a pena, se a alma não é pequena.” Medite sobre você, quem é você? Sócrates já diria: “Conheça-te a ti mesmo.” De certo quando souber quem é você, a prudência te acompanhará, e fará de seus momentos desnaturados, lugares habitáveis para todos.

Ter momentos inconsequentes não são saborosas lembranças se não trouxerem junto a eles felicidade, lembre-se que sua imprudência deve no máximo gerar noites sem dormir, olheiras irretocáveis e uma baita dor de cabeça, tome cuidado para que sua nostalgia seja uma boa companhia, como avaliar? É fácil, só saber se as lembranças te trazem um tímido sorriso no rosto.

“Quer pouco: terás tudo. Quer nada: serás livre”
Ricardo Reis (heterônimo de Fernando Pessoa)

segunda-feira, 15 de março de 2010

Homenagem a Glauco

Glauco fez parte da minha infância, lia diariamente seus quadrinhos na Folha de São Paulo. Para homenageá-lo coloco duas tiras, tivemos um gato chamado Tufinho, e o Bichão do Ciúmes, risos, comentamos sobre ele até hoje nas situações passionais que passam por nossas vidas. Deixará saudade pela criatividade e inteligência.


Conheça mais clicando aqui

Segunda-feira é dia de fórmula

Segunda-feira... Cito novamente Mario Quintana: “segunda-feira é um gato preguiçoso”, muito engraçado como dois dias de descanso nos deixam menos descansados. Já repararam nisso? Chego à conclusão que o responsável por nossa canseira é a expectativa. No domingo estamos aguardando com pesar a segunda, e o dia começa lento, os movimentos dignos de um bicho preguiça, a vontade galgando os mais baixos degraus, os olhos semicerrados, ombros caídos e a vã esperança de faltar algum professor, ou que nossos chefes tenham algum problema gastrointestinal para nós podermos empurrar o dia com a barriga, já que existe uma fórmula para a vida profissional: “O ânimo do seu superior é totalmente inversamente proporcional a sua vontade de trabalhar”. Pode testar, não duvide... Chegue atrasado, seu chefe estará lá, olhará com desdém pra você, medirá sua roupa de cima a baixo, e te cumprimentará (naquela linda manhã) dessa forma: “Boa tarde!” Depois de você xingar em pensamento até a oitava geração (tanto ascendente quanto descendente) você irá para sua mesa abalado psicologicamente e uma nova fórmula nascerá “a quantidade de trabalho será equivalente a quantidade de xícaras de cafés que você necessita durante o dia”, lógico que esses cafés serão tomados escondidos, pois caso teu chefe te veja mais de uma vez na copa, ele terá sempre uma nova frase “sábia-ofensiva” para te desmoralizar, aproveite os momentos dele no mictório. Por outro lado, certo dia você acorda disposto, sim, não pare de ler meu texto aqui, acredite, acontece com alguns de vez em quando, chega no trabalho quinze minutos antes do horário, justamente neste dia seu patrão adoeceu, ou a esposa dele adoeceu, ou seu cachorro, ou o pentelho do filho ou ficou paralisado no trânsito. Você pensa: “Nada vai acabar com meu dia, nem a tragédia do meu patrão não ter me visto chegando mais cedo.” Justamente nesse dia, esse maravilhoso, seu patrão resolve que o dia já está perdido mesmo, e leva no banho maria, mas não se iluda amigo proletariado, mesmo ele levando “nas coxas”, ele não te liberará mais cedo, ou seja, você disposto, ele não, trabalho moroso, mais uma fórmula nasce: “Em dia de indisposição ‘chefial’: para cada hora trabalhada, sensação temporal de cinco.” Seu dia demorará cerca de quarenta horas.

Este fim de semana foi interessante, vi minha mãe, já começou a nos dar lições de vida, não estava nada abatida, caso não entenda, leia o texto anterior. Viajei à 1h30, como de costume, durmo do início ao término da viagem, desta vez fui despertado por uma goteira, depois de uma hora de viagem, descobri que os ônibus também têm problemas com goteiras, como as tradições falam mais alto que a raiva, ainda mais em momentos inconscientes como no momento em que acordamos, troquei de banco ao som de “nessa casa tem goteira, pinga ni mim”, cantei mentalmente, estava inconsciente e não inconseqüente e pensei, o que seria de nós se não fosse Sérgio Reis? “Panela velha é que faz comida boa”, “Toda vez que eu viajava pela estrada de Ouro Fino...” Aliás, um furo de reportagem: Sérgio Reis foi acusado de pedofilia, ele cantou o menino da porteira... Péssima piada, eu sei, me perdoem, é segunda, e ainda por cima estou na biblioteca da faculdade, estou em clima de intectualidade. Deixando as piadas de lado, as 6h cheguei na Barra Funda, pego o metrô e rapidamente chego no Mack, minha mãe, mulher prendada, me manda na bolsa dois pães caseiros, sentei na praça de alimentação, sem nenhuma lição de vida desta vez (se não entendeu clique aqui), vou até a Boulevard e compro um cappuccino. Pasmei, me cobraram apenas R$ 2,50, depois de ter sido acordado pela enfermaria da faculdade, eles me deram meu cappuccino e me confirmaram que o preço não era uma alucinação. Mas como diria o velho deitado: quando a esmola é demais... pega e aproveita. Ensaiei para tomar o cappuccino: desfilei pela praça de alimentação, segurando a xícara com o dedo mínimo para cima, sentei, levei até a boca, tamanha surpresa, o cappuccino era salgado! Sim, como o sal cisne, sim, como a água do mar, sim como o churrasco do seu cunhado metido a cozinheiro! Olhei bem para ver se não tinham me dado sopa instantânea por engano. Tentei remediar com um açúcar que eles me deram, deveriam ter me dado uma cana-de-açúcar, uma rapadura ou um o doce mais doce que é o doce de batata doce, porque definitivamente, o pior cappuccino da minha vida. Mas a vida continua, e minha água ajudou a mandar pra baixo meu pãozinho. Não se iluda consumidor, a lei do cappuccino: “a qualidade do cappuccino está ligado proporcionalmente ao seu preço, necessariamente tabelado pelo preço do brioche.”

A vida é mesmo assim, decepções profissionais, horas infindáveis de trabalho, cappuccinos frustrados e R$ 2,50 gasto em sal. O importante é levantar a cabeça, olhar pro lado e criar a expectativa que cappuccinos melhores virão, que os cafés em dia de atraso não serão vistos pelo teu chefe, e que aos domingos nosso ânimo será automaticamente revigorado junto com o paredão do Big Brother, programa este que nos dá um exemplo de vida, afinal pra eles também não deve ser fácil recomeçar a semana. Faltam-nos exemplos, na boa, desligue a TV e vá ler um blog que te inspire. Respire e toque a vida, o sol é para todos, e independente do gosto do seu líquido cafeinado, o dia pode continuar amargo.

sábado, 13 de março de 2010

Superar? O que é isso?

No momento em que escrevo este texto estou no ônibus indo para minha casa em Jaú, passando exatamente na Marginal Tietê, engraçado que o cheiro peculiar do rio não está mais tão intenso, graças a Deus e a milhões de reais investidos na despoluição.

Essa semana São Paulo foi mais fácil pra mim, achei que foram dias de superação, depois de ter escrito sobre "Sonecas e Sonhos" me senti mais motivado, auto-motivação, tomara que seja um dom meu. Mas nem tudo são rosas, mesmo sendo uma semana mais interessante, tomei uma “pancada” emocional, e desde logo peço perdão aos meus leitores, porque embora inspirado, acredito que não terei aquela pontinha de ironia que temperam os textos, preciso desabafar, e peço o ouvido e a compaixão sua.

Quero falar sobre superação, quero meditar sobre ultrapassar barreiras, sobre ter que “parir” forças de onde emana em abundância falta de motivação. Superação é dom para poucos, li certa vez que cerca de 75% de coisas desastrosas que esperamos acontecer, não acontecem, e 15% do restante pode ser evitado por ação nossa. Você há de convir comigo que se existe um lugar que não jogamos nossas esperanças são em estatísticas, mesmo porque nossos professores de matemática nunca nos inspiraram confiança, e mesmo que tivéssemos dons matemáticos como Pitágoras, a nossa humanidade digna de Murphy acreditaria que os 10% restante de possibilidade seriam imensos. Enfim, esperar o bom sempre é uma ação heróica.

Quinta-feira, minha mãe foi ao médico, e o que não esperávamos aconteceu, depois de muito tempo que retirou sua tireóide, apareceu um nódulo maligno em sua garganta, sim, acredito que entendam o que é isto. Quero ressaltar a heroína que minha mãe é, agüenta muitas coisas, sempre tem palavras de esperança, sempre bonita e muito preocupada com sua família, certamente tem uma função moderadora em casa, não é turrona quanto meu pai, nem “omisso” como meu irmão (quem o conhece, sabe) e também não é desesperada e impulsiva como este que vos escreve, posso adjetivá-la como o ponto de equilíbrio de nossa família. Minha mãe tem a função de deixar as coisas andarem mais pacificamente. Mulher cristã, temente a Deus e que se afasta do mal. Poderia até dizer uma ou duas falhas dela, mas se faz desnecessário, porque se apagará diante de suas qualidades expostas.

Pergunto pra mim mesmo, já que tenho certeza que Deus a isso não me responderá. Por que justo ela tem que passar por isso? Por que justo o arrimo de nossa vida tem que ter momento tão dolorido. Olhando para a força dela posso ver que mesmo abatida, terá seu lugar de vitória, mas será que tanta dor e possíveis desesperos são tão necessários para as provas vitais? Quando digo que Deus não me responde, não me ponho em lugar herege, não, muito pelo contrário, não espero de Deus nada além da graça, espero sim lutas, dificuldades para que nosso caráter seja forjado, mas existem coisas de tão alta magnitude que fogem do meu entendimento racional.

Se eu pudesse, eu trocaria de lugar, não por falso moralismo, nem por clichê messiânico, jamais, talvez não tivesse a mesma força e muito menos a mesma garra, mas por uma questão de compensação de inspiração de vida, poria minha mãe em seu trono para que ela pudesse sempre ter seu papel de rainha, não que esta dificuldade tire sua majestade, isso é vitalício. Este sentimento é para demonstrar que a pessoa menos merecedora deveria ser poupada.

Sei que ainda é começo, sei que muitas águas vão passar, sei que podemos rir em breve, ou aguardar mais um pouco, tenho certeza que independente do tempo, não serão tempos fáceis, mas quero me ater a esperança, quero ser antes dos outros um exemplo de superação.

E essa tal superação? Não consigo entender a superação apenas como uma vitória depois de fatos acabados. Superar não deve estar vinculado necessariamente a uma finalidade, não deve ser uma virtude que retrate um resfolegar final: “ufa”, impossível conceber a idéia, não há mérito nisso, não há virtude em sobreviver tempos complicados sem uma postura mais positiva, passar pela dificuldade de forma normal não nos qualifica nada mais do que simplesmente normais. A meu ver, superar é passar pelo momento mau com posturas diferentes das “apropriadas”, fugas do desespero e termos sempre palavras de conforto. Se a dor é inevitável, ideal é tentar lição dela, já que não temos gestão sobre ela, que mudemos as atitudes, já que nessas temos total gestão. Temos que nos condicionar que por mais obscuro, mais incerto, mais dolorido, um propósito existe. Não somos anônimos, fomos projetados, fomos arquitetados, não é possível que o acaso tenha nos trazido aqui.

As ironias são grandes, este dilema é pessoal, mas tenho certeza que se eu sentar com você, você terá algo para me contar que parece ser uma ironia das grandes. Sei que não estou sozinho neste barco, todos nós estamos sujeitos a atuações irônicas do destino, que choremos o tempo necessário, mas que nos esforcemos para levantar no outro dia, lavar o rosto e não se dar mais ao luxo de recairmos em nossos medos e falta de esperança.

Mãe, infelizmente esse é o começo de algo muito dolorido em nossas vidas, e mesmo achando a maior injustiça do mundo, prefiro não me render a este pensamento e assistir de camarote o show de superação que nos dará. Por certo, a meu ver, você é a menos merecedora de um momento como este, mas sei que nenhum dos “mais” merecedores saberia driblar com tanta ousadia certeira que você nos mostrará. Ao invés de me ressentir, vou olhar para você e aprender mais um pouco de como devo me relacionar com essa loucura chamada vida.

Vamos lá? Hoje eu sou o egoísta diferente: gostaria que essa dor fosse só minha.

Ah, o egoísmo do amor.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Minha veia romântica

Começo o dia pedindo desculpas (entenda-se como se fosse escrito às 7h), por problemas de cunho virtual, não consegui postar nenhum texto ontem, para compensar hoje estou postando dois, mas não faço disso um compromisso de atualizar isto aqui diariamente, sabe Deus até quando vou ter esta disposição, mas enquanto meu círculo de amizade em São Paulo é escasso, esse blog tem minha atenção.

Agora são 7h, já tem quase duas horas que estou acordado, e este tempo foi o suficiente para eu maquinar uma poesia! Hein? Isso mesmo, neste post serei poeta, enquanto minha professora não chega, vou escrever algo bastante empolgante em versos, um soneto.
Antes porém vou apresentar minha apreciação pessoal da professora vindoura: há quem diga (eu) que ela veio direto do corpo de educadores infantis do exército russo. Grita, mas grita tanto! Terrível. Lembra da Laurinha? Aquela inimiga dos ursinhos carinhosos? "Malvadooooo!" Isso, por aí dá pra sacar.

Vamos ao que importa, minha poesia:

Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói, e não se sente,
é um contentamento descontente (...)

Pára tudo. Desculpe, escrevo para um blog espírita também, e às vezes não tenho gestão sobre minhas psicografias, é inevitável. Sai Camões... Camões não é nada, o Chico Xavier é bem mais atrevidinho. Agora sim, lá vai:


Minha namorada

Pode ser alta, pode ser baixa,
mas deve ser elegante,
Por favor, que não seja um elefante.

Deve gostar de rosas e jasmim,
mas não como eu,
que ao sentar mostra o pneu.

Sua inteligência deve ser grande,
sua vida motivada,
mas ao casar, acorde antes de mim
não quero me assustar com sua cara inchada.

Enfim, uma linda namorada,
que não se preocupa se chapinha seu cabelo alisou.
Ah quanta felicidade e amor
Ana Paula Arósio, sua hora de me namorar chegou.

Agradeço neste momento aos meus professores, escrevi meu primeiro soneto.
Agradeço também a Ana Paula Arósio que me emprestou seu nome, e caia na real Ana, só estou te usando.

Sonha Davi, doce ilusão...



ps: um abraço ao meu amigo Marcelo de Ribeirão Preto, que ao deixar o Mack arrombou intelectualmente nossa sala. Te aguardo no segundo semestre, viva Freud!!!

Sonecas e sonhos: duelo de titãs

Mais um dia, e o tempo passa, a gente vai ficando velho. Confesso que hoje não é o melhor dos meus dias para escrever, relutei buscando inspiração, mas não teve jeito, olhei embaixo da cama, atrás da cortina... Nada, levantei o sofá, achei uma moeda de cinco centavos, mas a tal da inspiração não foi encontrada, essa situação de branco me faz pensar e entender que nem sempre as coisas que necessitamos virão assim como na facilidade da primeira vez, muito menos nas horas que mais precisamos delas, então aí cabe a nós mesmos acharmos solução para nossas vidas, mesmo que a vontade seja estagnar.

Hoje aconteceu comigo um caso interessante, tive uma noite de aproximadamente quatro horas de sono, ok, sei que tem pessoas que vivem assim rotineiramente, mas não é meu caso, e se não entende minhas limitações caia fora do meu blog (surtos egoístas). Recompondo-me, hoje acordei por volta das 5h30, e o mais engraçado é que nossa visão de futuro é aguçada nesse momento, que atire o primeiro despertador aquele que acorda e não pensa na hora em que vai poder dormir novamente, isso é uma mal comum, ou eu sou vagabundo por natureza. Antes propriamente de dizer o meu “causo” matinal, faço necessário o comentar de uma mania maligna. Sabemos que manias matinais são muitas, e se formos elencar todas, certamente teríamos inúmeras loucuras: comer tapioca de manhã, farofa com café, pasmem, encontrei isso na minha família, mas a pior de todas é a minha (ou acha que eu sairia perdendo?), meu despertador é sempre programado meia hora mais cedo, todo dia. Se eu tiver doze horas de sono, lá está ele, uma hora de sono, lá estará ele todo antecipado. Se revolte quem acha isso o cúmulo, mas isso é mania de pessoas bem-sucedidas. Provo por a+b que estou correto: Depois do advento do celular ninguém usa mais o tal despertador convencional, e tenho certeza que seu celular tem uma programação que se chama soneca (ou variantes)! Ahan, quem você acha que projetou isso? O camelô que você compra a capinha “prástica” pro seu iPhone falso? Não, o dono da Nokia que pensou nisso: ou você acha que ele na Finlândia ao ouvir o NokiaTunes ele pula da cama naquele frio digno de pingüim e sai todo disposto pensando em como a telefonia mundial precisa dele? Querido leitor, aquele soneca cansa de despertar, a maior farsa é a que os homens de sucesso acordam cedo, até pode ser que existam alguns, mas a maior verdade é que os homens de sucesso usam o soneca. Soneca: arma de sucesso.

Focando: hoje, depois do duelo entre despertador e Davi, levantei. Olhei bem pra cama, abri a janela e aquela sensação de que se fosse à faculdade perderia o melhor do sono, longe de casa, longe das expectativas paternas, resolvi voltar a dormir. Num surto instantâneo, pulei da cama, e decidi encarar os vinte minutos de lotação e os trinta minutos de metrô. E olhando para isto não conote com simplicidade, esse trajeto é uma saga épica que particularmente gostaria que Tarantino produzisse em um de seus filmes.

Assim que passou a sensação de perda e despertei, filosofei sobre as perdas, e diante de um fato aparentemente simples consegui atrelar essa mesma posição vagabunda aos grandes sonhos que temos. Sonhar é nosso, sonhar é coisa de quem vive. Sonhar é coisa de gente, de humano, mas o percentual de realizações é muito baixo. Quantas coisas projetamos? Quantos sonhos são meticulosamente esquematizados e até lançados em cronogramas? E a culpa das frustrações? A quem podemos atribuir? Não quero dizer que podemos lançar sobre pessoas, sabemos que nós somos responsáveis pela grande maioria de nossos erros. Quero questionar posturas.

Diante de pequenas coisas, temos a tendência voraz de negociá-las, perante mínimas responsabilidades não titubeamos nada para transformá-las em coisas facultativas. Por uma relação de escala de valores, o que nos faz acreditar que merecemos o grande, se as pequenas coisas não têm tanta importância? O que garante o zelo de imensas conquistas se no pouco vital que é usado para nos treinar fazemos vistas grossas?

Infelizmente nossos sonhos só focam o bônus e não o ônus, até sabemos que temos que transpirar, correr, matar um leão por dia, ser o melhor em tudo e melhor que todos, mas só temos a ciência disto, e isso muita vezes não entram no nosso cronograma. Doer faz parte do sonho, sofrer faz parte do sonho, levantar cedo, deixar confortos, passar apertado, diminuir o gasto, pegar lotação, se “enlatar” no metrô, não ter tempo para uma coquinha, são pequenos gestos doloridos que precedem sucesso.

É, vamos viver intensamente, buscando o nosso lugar, nossa posição, talvez não consigamos chegar ao topo, mas isso não faz de nós menores, faz de nós pessoas com postura, e isso será levado para posteridade. Pequenos luxos são aceitos esporadicamente. Tentei puxar alguns e trazê-los a memória. Sem êxito. Por enquanto, o soneca meia hora antes do seu horário deve ser seu maior desfrute.





ps: este texto foi escrito ontem dia 10 de março de 2010

terça-feira, 9 de março de 2010

Quando seus pais te mandam lavar louça, eles falam sério!

Prova cabal:

Praça de alimentação, lugar de diversão

Casos do cotidiano sempre são os melhores. Em alguns surtos de loucura, para poupar a bagatela de R$ 8 em transporte público, eu fico na minha faculdade todas as terças, o mais legal é que você ainda não entendeu o porquê chamo isso de loucura, irá entender, compreenderá ainda mais se você é apressadinho e viciado em ansiolíticos. Minha última aula no turno da manhã acaba por volta das 12h e tenho uma aula mais tarde que começa às 21h. Sei que você balbuciou um “nossa”, mas não tenha piedade de mim, não preciso, escolhi isso para mim. Agora se sua piedade tiver algum cunho monetário, aceito sim com maior prazer, e ainda redijo um ofício em agradecimento.

Nessa longa espera faço várias coisas, deixo todos meus compromissos da faculdade para as terças, vou à secretaria, vou ao centro acadêmico, vou ao restaurante mais longe, sento na praça de alimentação, escrevo alguns e-mails, respondo outros, leio algumas matérias, leio algum livro de ficção e às vezes até estudo um pouco e o tempo parece não andar. Mas nada nesse longo e fatídico dia me fascina mais do que analisar o comportamento das pessoas.

Minha faculdade também tem o colégio, e nesse horário, o que não faltam são pirralhos, para provar isso, ao meu lado, neste exato momento tem um púbere que veio mexer com uma menina, ela acaba de sair correndo atrás dele e deixou seu prato de comida na mesa, ahhh, eu me lembro quando eu descobri que meninas não eram inimigas, engraçado... Só um momento, já volto ao assunto, eita moleque pentelho, voltou aqui... (depois de tê-lo jogado no caldeirão de feijão, pelo menos na minha imaginação. Voltei)... retomando o assunto: você se lembra quando o sexo oposto era um arquiinimigo? Meninas: eca!!! Os tempos mudam, os sentimentos juntos, e os pelos e os hormônios já não cabem mais em nós, essa euforia toda, creia, também muda e cai, mas falemos só sobre o que temos gestão e conhecimento.

Esses casos cotidianos podem te alegrar, te pentelhar, te deixar preocupado, mas anterior a esse maldito moleque endiabrado, fui humilhado por um rapaz, é... essa é a palavra: humilhado! Um rapaz de uns vinte anos senta-se ao meu lado, com um prato sobre uma bandeja, o prato mais pálido que já vi em toda minha vida gástrica: arroz, batata, frango grelhado e para “desempalidecer“ algo verde, destes capins metidos a bonzão que renego no restaurante. Visto que acabei de sair de uma refeição carnívora digna de um tiranossauro rex, senti certa pena, mas aos pouco vi que ele prezava por uma vida saudável! Detesto quem tem vida saudável, sabe por que os detesto? Porque eles conseguem! “Oi, meu nome é Senhora Fitness, adoro Body System, sou vegetariana e nada como uma rúcula!” Você acredita mesmo que ela é feliz? A fórmula da felicidade terrena é essa: Comer, beber e dormir, não necessariamente nesta ordem, e com alguma pequena alteração para os mais assanhadinhos. Definitivamente, verde, só se for a embalagem do talento. Como falava, o processo de humilhação não acabou, não! Esse garoto fez um intensivo de tortura com nazistas, ele levou cerca de 30 minutos para comer uma pseudo-refeição! Isso, ao meu lado, com um prato me encabulava durante meia hora. Pasme leitor, e se segure na cadeira, tudo isso regado com uma água natural. Espera... Raciocine comigo: prato zen, folhas, 30 minutos e água? Esse garoto pode ser um candidato a messias da geração saúde. Logo ele é tema do Globo Repórter: "Vida saudável já é habito entre os mais jovens, movimento este que encabula os gordinhos." Plim-plim.
Passado o trauma gastronômico, as diversões falam mais alto, e rapidamente me recuperei, tomando uma coquinha. É impagável ver que as pessoas fazem de tudo para chamar a atenção, para serem “descoladas” e estarem na moda, prova disso, uma senhora de aparência de seus 400 anos, está com um chapéu, que eu quase a confundi com Santos Dumont! Aliás, o que ela está fazendo aqui, deve ter se confundido com a Santa Casa, que é no quarteirão debaixo. Ah, é isso mesmo, agora entendi o porquê dela ter pedido fraudas na “Casa do Pão de Queijo” aqui do Mack: confundiu com a geriatria, também, a culpa não é só dela, a propaganda ao lado do estabelecimento prova que é passível de confusão.

Viver em sociedade é no mínimo muito estranho, hoje estamos agradando, amanhã somos a escória, hoje somos torneiro mecânicos, amanhã somos presidente (não se iluda ralé). Agradar a todos é impossível, porte-se com moderação e não tenha a infeliz idéia de que mesmo assim todos te aceitarão, e é de suma importância que você entenda algumas dicas deste que vos fala: Se você é feio, tudo o que for diferente fará de você mais feio ainda, a melhor escolha é não chamar atenção. Você que acha que é engraçadinho, mas só você ri de suas piadas, você é chato e minha mãe já diria: “Ser engraçado é um dom, não force!”. E pra você que sabe que é burrinho: prefira ficar calado e acharem que você é burro, do que abrir a boca e terem certeza disso.

Nem todos são bonitos, nem todos são legais, nem todos são engraçados e nem todos farão sucesso, conforme-se e bem-vindo ao mundo!

Minha filosofia na aula de filosofia

Olá leitores, este texto foi escrito por mim em uma aula de filosofia jurídica. Arranquei uma folha do fichário e diante de tanto Aristóteles na minha cabeça, resolvi explanar sobre filosofia vital.

Esse meu professor parece um pouco psicopata, e quem não parece? O risco dele ler isto é relativamente existente, já que o mesmo no dia em que se apresentou em nossa sala disse que tinha: msn, orkut, facebook, flicker(?), site, blog e ainda mais alguns profiles de site de relacionamento, inclusive um de troca de casais... (este último foi um plus venenoso meu, melhor me explicar, assim me isento de indenizar o professor). Se ele pretende atualizar esse acervo nético diariamente, no mínimo ele gasta 30 horas, milagre este que achava que só o Unibanco era capaz de fazer. Enfim...

Estou descobrindo que nós somos a mescla de inúmeros loucos genéricos: filósofos, médicos, psicólogos (estes são os que mais medo me dão) e inúmeros outros insanos que perambulam por aí.

Filosofar sobre a vida... Acredite: É fácil! Essas ciências humanas só aparecem para levantarem dúvidas, por mais que se mascarem jurando serem as respostas e verdades dos dilemas, elas só servem para tatuar uma interrogação na sua testa.

Diga-me algo: se existem tantas questões e a filosofia é uma das ciências mais antigas, por que ainda não existe uma cartilha que me explique tudo por completo? Trocando por miúdos:
Questão 1. Por que nos apaixonamos? Chupa essa Aristóteles, não é o bom?
Questão 2. Essa é pra você Platão: Por que nós pessoas boas, temos imã natural para pessoas más?

Para que filosofia, se o que mais nos importa, sequer Cristo se preocupou em responder?

Não tenho a intenção de parecer um recalcado muito menos o "senhor paixões frustradas". Apenas quero protestar sobre o valor que damos às coisas que não explicam absolutamente nada do que precisa ser de fato elucidado.

Sim, teremos perguntas não respondidas pelo resto de nossas vidas e gentilmente declaro às pessoas que acreditam serem detentoras da verdade: Prefiro que sentem ao meu lado, com uma lata de coca na mão e com a mesma interrogação que a minha, ao invés de ouvir baboseiras não fundamentadas apenas para satisfazer sua síndrome de Sherlock.

O bacana desta vida é a incerteza e a dúvida do amanhã, afinal, o que seria de nós sem o suspense do futuro?
Ok, Oprah???

"A realidade é uma ilusão, embora bastante persistente."
Albert Einstein